Liminar mantém prefeito de Santo Antônio do Rio Abaixo no cargo

Jorge Turco (PPS) sustenta que houve irregularidades no rito coordenado pela Comissão Processante da Câmara de Vereadores

Liminar mantém prefeito de Santo Antônio do Rio Abaixo no cargo
Jorge Turco volta ao cargo graças a uma liminar – Foto: Folha Popular

A defesa do prefeito de Santo Antônio do Rio Abaixo, Jorge Antônio de Sá, o Turco (PPS), obteve liminar para mantê-lo no cargo. A decisão foi publicada nessa sexta-feira, 1º de junho, pelo desembargador Edgard Penna Amorim, do Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG), três dias depois de o político ter sido cassado pela Câmara de Vereadores.

No pedido de liminar, o prefeito sustenta que houve irregularidades no rito coordenado pela Comissão Processante (CP) da Câmara de Vereadores. Entre outros pontos, Jorge Turco afirma que não foi intimado para a sessão de julgamento, realizada no dia 29 de maio. O chefe do Executivo foi cassado por sete votos favoráveis e uma abstenção.

A CP da Câmara argumenta, no entanto, que o edital de convocação para o julgamento foi enviado ao WhatsApp e ao e-mail do prefeito e de seu advogado, publicado no quadro de avisos do Legislativo (que funciona no mesmo prédio da Prefeitura) e ainda entregue à secretária municipal de Administração e Planejamento, Aline Dias Sá, filha do prefeito.

Na decisão, o desembargador afirma que as comunicações por WhatsApp e e-mail não podem ser consideradas de caráter oficial, mas pondera que os outros meios adotados pela Câmara torna a questão “mais complexa”, já que o município não tem um Diário Oficial e é costume no local publicar os avisos no quadro do prédio onde funcionam Legislativo e Executivo.

“Porém, tais indícios não se revelam suficientes, nesta análise perfunctória, para convencer desde logo da higidez dos atos finais do processo político-administrativo que culminou com a cassação do impetrante”, escreveu o desembargador, que completou que somente “o Colegiado certo, após a oitiva das autoridades coatoras e a manifestação do Ministério Público, poderá alcançar conclusão”.

Dessa forma, o magistrado optou por conceder a liminar, para que Jorge Turco continue no cargo enquanto o mérito da ação não é julgada no Tribunal de Justiça de Minas Gerais. Ele determinou que a Câmara fosse avisada imediatamente, já que a previsão era de que vice de Turco, Assis Viana Alvarenga (PPS), tomasse posse como prefeito ainda nessa sexta-feira.

Acusação

Pesam contra o chefe do Executivo denúncias de irregularidade em licitação, como superfaturamento, num contrato firmado em março de 2017 para aração de terras em diversas localidades do município. O caso passou por Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) e depois por uma Comissão Processante (CP).

A denúncia aponta irregularidades no Processo Licitatório 14/2017, em que foram contratados profissionais do município para a aração de terra e outros serviços de jerico. No processo é citado que as atividades começaram antes mesmo da licitação ser colocada na praça. Além disso, a denúncia alega superfaturamento, já que as propostas que venceram o pregão ofereceram R$ 80 e R$ 90 por hora de trabalho, mas os contratados teriam recebido R$ 100/hora.

Na época da instauração da Comissão Processante, em fevereiro deste ano, o presidente da Câmara, vereador Joaquim “do Mundinho” (PSD), afirmou a DeFato Online que a Prefeitura de Santo Antônio do Rio Abaixo desembolsou ao menos R$ 34 mil no contrato – valor significativo ao orçamento do município de quase 2 mil habitantes (IBGE).