Em sua quarta visita a Minas Gerais, na sexta-feira (28), o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), não poupou críticas à mineradora Vale, a quem acusa de estar “enrolando” as populações das cidades mineiras atingidas pelo rompimento de barragens, Mariana e Brumadinho, em 2015 e 2019, respectivamente. A fala ocorreu durante cerimônia de anúncio de novos investimentos do governo federal no Estado, nas áreas de educação e energia.
Em entrevista a uma emissora de rádio em Minas, Lula disse que “estava predisposto a negociar a dívida da Vale não com Minas Gerais, mas com o povo da região que foi solapada pelas barragens de Mariana e Brumadinho. Aquele povo tem de receber suas casas, aquele povo tem de receber indenização. O rio tem que ser recuperado. E a Vale está com dinheiro aplicado, sem querer pagar. Vamos também fazer acordo para que a Vale pague essa dívida”.
Em outro momento de sua visita, Lula promete voltar a Minas em breve, para ir até as cidades atingidas pela tragédia: “Quero ver o estrago que a Vale fez na cidade de Brumadinho, quero ver o que foi feito em Mariana. A Vale está muito quietinha e sabe que tem que pagar”, afirmou.
A barragem de Fundão, em Mariana, rompeu no dia 5 de novembro de 2015, matando 19 pessoas, quando 40 milhões de metros cúbicos devastaram várias comunidades, contaminando o Rio Doce em toda a sua extensão e chegando ao Oceano Atlântico, atingindo 49 municípios em seu caminho.
Em 25 de janeiro de 2019, outro rompimento de barragem da mineradora, desta vez em Brumadinho, deixou 272 mortos com milhões de metros cúbicos de rejeitos de mineração despejados na bacia do Rio Paraopeba.
O presidente também disse que, na quinta-feira (27), cobrou do Ministro Alexandre da Silveira, de Minas e Energia, sobre o acordo com a Vale a respeito das tragédias de Mariana e Brumadinho.
Segundo Lula, Silveira afirmou que o acordo com a mineradora está 90% resolvido, e que em até 15 dias irá lhe apresentar a proposta, para então bater o martelo.