Site icon DeFato Online

Mãe denuncia sucessivos casos de racismo contra filha de 10 anos, em escola municipal de Itabira

Mãe denuncia sucessivos casos de racismo contra filha de 10 anos em escola municipal de Itabira

Foto: Reprodução/iStock

Uma mãe denunciou uma série de episódios de injúria racial e intolerância religiosa sofridos pela filha, de apenas 10 anos, em uma escola da municipal, em Itabira. Segundo o relato, as agressões verbais ocorrem de forma recorrente desde 2022 e têm causado impactos profundos na saúde emocional da criança. O caso teve boletim de ocorrência registrado pela Polícia Militar no dia 19 de novembro e foi encaminhado à Polícia Civil para investigação. A Secretaria Municipal de Educação informou que acompanha a situação junto à direção da unidade e que o caso foi encaminhado ao Conselho Tutelar, seguindo os protocolos institucionais.

De acordo com a mãe, a aluna já foi alvo de ofensas como “preta lixo”, comparações depreciativas relacionadas à cor da pele e apelidos ofensivos, além de episódios de intolerância religiosa. “São coisas que uma criança não tinha que estar passando. Isso vem acontecendo há muito tempo, de forma repetida, e nada resolve”, desabafa.

O caso mais recente ocorreu em novembro, quando colegas teriam feito piadas comparando a aluna a um “motoqueiro fantasma” e associando a cor de uma bicicleta à cor da pele da criança, além de risadas e zombarias. O episódio foi presenciado por outra estudante, que relatou os fatos à mãe da vítima.

Diante da gravidade da situação, a família decidiu registrar um boletim de ocorrência. A mãe afirma que encontrou resistência inicial para formalizar o registro com a Polícia Militar. “Tentaram nos convencer de que não ia dar em nada, que era bobeira porque se trata de criança. A gente chama a polícia esperando apoio, mas foi muito desgastante”, relata.

Uma ata escolar elaborada após o ocorrido confirma que alunos proferiram expressões de cunho racista contra a estudante. O documento registra que a direção da escola ouviu os envolvidos, comunicou os responsáveis e acompanhou a família no registro da ocorrência policial, além de iniciar os encaminhamentos pedagógicos e administrativos cabíveis.

O boletim de ocorrência foi registrado no dia 19 de novembro pela Polícia Militar e encaminhado à Polícia Civil para abertura de procedimento investigativo. No entanto, segundo a mãe da estudante, até o momento não houve qualquer retorno das autoridades policiais sobre o andamento do caso ou sobre eventuais diligências realizadas, o que tem aumentado a sensação de insegurança e desamparo da família diante da gravidade dos episódios relatados.

O que diz a Secretaria Municipal de Educação

Em nota, a Secretaria Municipal de Educação informou que está acompanhando o caso junto à direção da unidade de ensino, que o registro foi realizado conforme os protocolos institucionais e que a situação foi encaminhada ao Conselho Tutelar para adoção das providências cabíveis. A pasta destacou ainda que medidas de acolhimento foram realizadas e que o acompanhamento segue no âmbito pedagógico, com atenção ao sigilo e à proteção dos envolvidos.

Situação recorrente

Segundo a mãe, em anos anteriores, a criança passou a apresentar sinais de sofrimento psicológico, como isolamento social, dificuldades de aceitação da própria aparência e necessidade de acompanhamento psicológico. Após mudar de escola, os episódios teriam voltado a acontecer.

A família espera que o caso resulte em ações mais efetivas de enfrentamento ao racismo no ambiente escolar. “Eu não quero que ninguém seja preso. Quero que os pais eduquem os filhos para respeitar a cor, a religião e as pessoas. Chega de silêncio”, conclui a mãe.

Exit mobile version