Mães itabiranas de superação, amor e luta

Com filhos especiais e dedicação integral, mães da Apae dão lições de empatia e amor aos diferentes

Mães itabiranas de superação, amor e luta
Foto: Wesley Rodrigues/DeFato
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Débora, Waldeny, Patrícia e Ivanete têm uma trajetória marcada por superações e lutas diárias. Elas são mães de crianças e jovens com capacidades, habilidades e talentos diferentes. Desde o diagnóstico ora do autismo, ora da síndrome de Down, elas adaptaram planos, carreiras e não hesitaram em fazer renúncias em nome do amor materno. São exemplos de mulheres de fibra e mães de luta por inclusão dentre tantas outras na Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) de Itabira.

A pedagoga Débora Vieira Gomes, 38 anos, é mãe dos gêmeos Davi e Samuel, de oito anos. Aos dois anos, os garotos tiveram o diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista (TEA). Para o tratamento dos pequenos, foi preciso mudar e se adaptar, por Passabém, Ferros, Santa Maria de Itabira e Itabira. Nada do que Débora tenha se arrependido.

Ter filhos especiais fez com que a itabirana mergulhasse de cabeça nos assuntos que envolvem suas limitações. Ela é a autora do blog e fanpage “Diário: mãe de autista”, onde fala de experiências e compartilha informações sobre o dia a dia com o autismo. É também uma batalha que ela travou contra o preconceito e a desinformação. A página no Facebook de Débora tem cerca de 20 mil curtidas. “Eu digo que sou uma mãe privilegiada. A mãe, normalmente, vive para os filhos. Quando eles são deficientes, têm limitações, a gente vive em função deles literalmente”, diz a educadora.

Waldeny Aparecida, 40 anos, também teve gêmeos: Enzo e Henry. Nasceram prematuros, com 24 semanas. Com a saúde fragilizada, Enzo não resistiu. Hoje, Henry tem seis anos e uma agenda cheia todos os dias: aulas na escola regular e na Apae, idas ao fonoaudiólogo, terapeuta ocupacional, fisioterapeuta, nutricionista, neuropediatra e outros especialistas. Henry tem autismo, surdez e supera complicações de uma paralisia cerebral.

A rotina de Waldeny está em torno das particularidades do filho. Para romper o silêncio, ela atualmente se dedica a aprender e repassar o aprendizado de libras, a língua de sinais. “Viveria tudo novamente. Não a parte do sofrimento, pois gostaria que o Enzo estivesse aqui também. Tudo que eu tiver que passar por meu filho eu estou disposta. Como sempre estive”, comenta a mãe.

Patrícia Caldeira, 41, é vigilante em uma empresa pública de Itabira e mãe de Welton Júnior, 21 anos, o “Juninho” – como é chamado de forma carinhosa pela família e amigos. Welton tem síndrome de Down. A jornada de Patrícia é mais do que dupla. Além do trabalho formal em dias alternados, acompanha Juninho em especialistas nos dias de folga. Patrícia é mãe em tempo integral. A descoberta da síndrome exigiu dela e da família uma dedicação intensa, da qual para ela, foi mais um aprendizado do que um desafio. “Ele me ensinou amor. Me ensinou a amar e ver as outras pessoas indiferente de suas condições”, resume a mãe, emocionada.

Na trajetória de Ivanete Menezes, de 55 anos, foi preciso abrir mão da carreira como professora por alguns anos e se dedicar totalmente às necessidades da filha Jordana, de 24 anos, com autismo. Formada em Letras e com anos de bagagem na escola regular, agora ela se especializa em educação inclusiva e leciona na Apae de Itabira – uma nova fase na jornada de aprendizado, empatia e amor ao diferente.

“O amor que temos por nossos filhos é tão grande que não nos deixamos abater por uma situação ou outra de preconceito, de incompreensão, de uma situação desagradável. Nós, mães de especiais, temos uma aprendizagem muito grande. Temos coisas em comum como o amor pelas pessoas, por suas diferenças. Se eu morresse hoje, morreria feliz. Deus me deu a oportunidade de conhecer dois mundos diferentes. Isso me transforma”.