À frente da Prefeitura de Itabira desde janeiro de 2021,Marco Antônio Lage (PSB) estabeleceu um grande desafio: trabalhar a diversificação econômica da cidade. Com a iminência do fim das atividades mineradoras no município nos próximos anos, ele pretende explorar outras alternativas para que Itabira mantenha, ou até amplie, seu alto faturamento. Nesta entrevista exclusiva, o prefeito comentou que a reinvenção da economia itabirana passa pelo desenvolvimento de sete vertentes. Confira o bate-papo completo.
Qual a sua análise do atual panorama econômico itabirano?
Acho que o momento de Itabira é um daqueles ciclos positivos da mineração. A cidade está em pleno emprego, o setor de mineração com faturamento, volume de produção em aumento, preço bom do minério, o que reflete bem na receita do município. A avaliação que a gente faz é que, a curto e médio prazo, não teremos problemas econômicos em Itabira. Nossa preocupação não é com o crescimento econômico, é com o desenvolvimento econômico.
A Prefeitura trabalha com a hipótese do fim das atividades mineradoras nos próximos anos? O que tem sido feito visando esse cenário?
Claro que, escalonando, vai ter uma diminuição dramática, depois da manutenção da atividade de beneficiamento. Então, precisamos enxergar e planejar a cidade para o pós-mineração. Qual a cidade que nós queremos ter? Uma cidade menor, mais enxuta, mais pacata, com certo êxodo de famílias ou substituir a mineração por atividades industriais e econômicas que absorvam toda a mão de obra? São várias hipóteses que vão se confirmando ao longo dos próximos anos de acordo com o que for feito na cidade. Mas, nada acontece por acaso, é preciso trabalho.
“Nossa preocupação não é com o crescimento econômico, é com o desenvolvimento econômico”, Marco Antônio Lage.
O que você sente por parte da Vale, falando sobre planejamento?
A Vale está absolutamente consciente da responsabilidade dela e da necessidade de construir um case, em Itabira, como exemplo de uma cidade mineradora que consiga se reinventar após o final deste ciclo. Essa pode ser uma oportunidade para que a Vale demonstre para o Brasil e o mundo que a mineração não é um patinho tão feio da nossa economia, apesar de todo o histórico e todos os desastres recentes. Há uma mudança de postura, a busca por um modelo de melhor convivência com a sociedade.
Como está o relacionamento da prefeitura com as entidades ligadas ao setor econômico de Itabira, como Acita e CDL?
Nós optamos, no primeiro ano, por trabalhar no diagnóstico e na formatação deste projeto, com os profissionais da consultoria atuando junto com as nossas secretarias. A partir deste ano, pretendemos ter um envolvimento e engajamento maior dessas entidades, pois estamos falando de sustentabilidade e todas as suas dimensões, e a econômica é uma delas. Naturalmente, nosso projeto envolve mobilidade urbana, saúde, educação, preparação do nosso jovem para o futuro, temas estruturantes para que a cidade sobreviva bem.
O que traz de exemplos das suas experiências em Belo Horizonte e outras cidades da região metropolitana para esse desenvolvimento sustentável?
Já desenhamos as novas vertentes econômicas que precisam evoluir em Itabira. O turismo é uma delas, pois temos vocação e vai gerar conhecimento e emprego. Com os pólos universitário e médico vamos transformar Itabira num macropolo de medicina, para explorar o chamado turismo médico, além do empreendimento na área médica. Também podemos citar pólos logístico, tecnológico e agro desenvolvendo o nosso território que é muito extenso e pouco utilizado. E, ainda assim, a mineração. Acreditamos que com essas sete atividades, com o tempo, consolidaremos uma economia diversificada e próspera.
Nesse contexto, quais os principais projetos estruturantes previstos para os próximos anos?
Os grandes pólos industriais, concentrados na região metropolitana, já estão bastante saturados. Então, a estratégia de duplicação das rodovias MG-129 e MG-434 é importantíssima, porque coloca Itabira perto da capital. Essa seria a maior obra estruturante desse projeto de diversificação, seguida da transposição do Rio Tanque, antecipada para 2024. Não dá para falar em desenvolvimento, tampouco em atração de novas indústrias, sem água. Pensamos num novo distrito industrial moderno e preparado para receber indústrias de outros segmentos. Temos que atrair, pelo menos, 30 novas indústrias nos próximos 10 anos. Para a Unifei planejamos continuidade e conclusão do projeto para que se torne a alavanca principal do pólo universitário e tecnológico.
Pelo seu faturamento, o comércio poderia ser o carro-chefe da economia itabirana?
Acho que o comércio é parte da engrenagem. Itabira pode ser o grande centro comercial da nossa região ao se fortalecer ainda mais. Quando eu falo em uma cidade pólo, é para tudo. No que a gente vislumbra para a medicina, por exemplo, pode atender até 900 mil habitantes. O comércio vai se alavancar quando outras atividades econômicas surgirem. Quando a gente cria um pólo universitário com 15, 20 mil habitantes, isso vai ativar o comércio. Quando falamos desta nova indústria, idem.