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Mas, o que é Deus?

Deus

Foto: Reprodução/Internet

No princípio era o nada. Mas tem uma contradição. O nada – contrariando as aparências – existe. Ele está aqui. Olhe bem para a sua direita: “nada”. Viu só? Inventaram até um vocábulo específico para nomeá-lo. Aquilo que tem um símbolo gráfico para a sua representação há.

O “tudo”- que teoricamente é contrário do “nada”- nasceu da grande explosão de uma partícula unitária. Um estrondo monumental que os cientistas apelidaram de Big-Bang. A barulhada causada pelo estouro do átomo primordial ainda ecoa nos confins do universo.

E como surgiu essa partícula primária? Impossível responder. Um fato é verídico. Trata-se do átomo primordial. Do contrário, não teria massa e nem energia suficientes para provocar uma explosão espetacular. Resultado da detonação: pintou-se o suposto “nada”. E o “tudo” também se fez nesse evento extraordinário. “Nada” disso e “tudo” isso. 

E essa partícula elementar foi fruto de uma mágica? Até pode ser. Porém, toda magia exige a presença de um mago. Algum acontecimento extraordinário revelou o microscópico artefato potencialmente explosivo. E, mais. Que atitude precipitou o famoso estrondo? Nada acontece por acaso. É necessário um quê provocador. E olhe o “nada” aí de novo, ocupando o seu lugar no tempo e espaço. 

A explosão foi acidental ou proposital? E o mago? De onde veio? Para o quê ele deu as caras no “nada”? Essas indagações aumentam ainda mais as dúvidas já tão intensas. Restam alguns outros questionamentos: quem chegou primeiro? O detonador do explosivo ou a partícula maravilhosa? Qual dos dois é mais poderoso? O agente da ação ou a consequência do efeito? 

Concluo essa indefinição com uma observação mítica. A natureza complexa nasceu dessa partícula. Não se discute. Então se mostrou naquele momento a verdade maior: o diminuto corpo físico seria o próprio Deus, que se metamorfoseou num artefato para gerar o universo. 

Mas, nesse caso, o agente da explosão foi um mero coadjuvante. Provavelmente, correto é o oposto. O átomo primordial não passou de um simples figurante. Um fato não se discute: a consequência do Big-Bang foi essencial, pois se manteve o “nada” e produziu-se o “tudo”. Essa constatação é evidente.

O infinito, portanto, é filho do Big Bang. O finito também. O equilíbrio dos astros idem. A nossa existência nem se fala. No seu instante inicial, a portentosa explosão provocou o caos absoluto. Com o passar do tempo, aconteceu o equilíbrio espontâneo. As “coisas” foram se ajustando. Muito naturalmente. E essa estabilidade se mantém nos dias que se seguem. 

A grande realização começou com o caos. A colossal confusão, pouco a pouco, vai se desaguando num plácido mar cósmico. Curioso como os cacos se juntam para formar um conjunto harmonioso. Tudo muito conciso e lógico. E, desde então, essa dinâmica segue um curso aparentemente previsível. 

O estampido original formou as mais distantes galáxias, produziu os cafundós do sistema solar e pariu esse insignificante “asteroide” onde estamos. O resultado da “bomba” universal é o conjunto natural que se vê aqui, ou talvez acolá: homens, mulheres, montanhas, rios, animais, flores, água, fogo, terra e ar. E a sequência do Big-Bang continua se manifestando diariamente diante das “nossas omissas retinas”. 

O fenômeno se mantém desde sempre. O cientista ateu Stephen Hawking sentenciou que tudo no universo é fruto de uma origem comum. Para ele, o perfume de uma flor e o sorriso da criança vêm da mesma fonte. Falou um homem que sabia demais. Então, diante de tantas evidências, ouso imaginar: tudo emana daquela partícula original. Acho até que ela é Ele. Ou Ele é ela?

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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