Megaoperação: força tarefa cumpre 34 mandatos e desarticula esquema de sonegação
Fraude acontecia em Minas Gerais, São Paulo e Tocantins causando prejuízos milionários aos cofres públicos
Na manhã desta quarta-feira (26), foi deflagrada a operação Sinergia, que tem como alvos empresários do ramo de metais e sucatas — principalmente de alumínio e cobre. A ação tem como objetivo combater a sonegação de impostos nos estados de Minas Gerais, São Paulo e Tocantins. Além de crime tributário, os investigados podem responder pelos crimes de organização criminosa, lavagem de dinheiro e falsidade ideológica.
A operação é uma força-tarefa do Comitê Interinstitucional de Recuperação de Ativos (Cira), formada pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), por meio do Centro de Apoio Operacional de Defesa da Ordem Econômica e Tributária (Caoet), pela Receita Estadual, e pelas polícias Civil e Militar, nas regionais do Cira em Contagem e Varginha.
Ao todo, estão sendo cumpridos cinco mandados de prisão e vinte e nove mandados de busca e apreensão em Belo Horizonte, Andradas, Contagem, Guaxupé, Pará de Minas e Pequi (em Minas Gerais), Jundiaí, Limeira e Mogi Mirim (em São Paulo) e Palmas e Porto Nacional (no Tocantins).
Investigações
De acordo com as investigações fiscais e criminais da Polícia Civil e do Ministério Público de Contagem, os representantes de uma empresa com sede em Contagem seriam responsáveis por executar um esquema de sonegação de ICMS na comercialização de metais e sucatas, causando prejuízo de mais de R$ 150 milhões aos cofres públicos.
A fraude investigada consistiria na simulação de operações de compra e venda de mercadoria mineira com notas fiscais de outros estados, mediante o uso de empresas de fachada, criadas em nome de pessoas interpostas (laranjas), com o objetivo de não pagar tributos e gerar créditos tributários para a empresa beneficiária do esquema. Além das notas fiscais falsas, existem indícios de receptação de fios de cobre furtados.
De acordo com os primeiros levantamentos, apenas uma das empresas, localizada em Palmas, capital do Tocantins, emitiu um total de R$ 1,3 bilhão em notas fiscais correspondentes a supostas vendas de metais e sucatas.
A emissão dos documentos teria gerado um crédito de R$ 159 milhões distribuídos entre as empresas envolvidas no esquema e usados para abatimento no ICMS. A operação tem como objetivo investigar a ilegalidade dessas operações.
Com a finalidade de ressarcir o dano causado ao erário, a Justiça mineira analisa o pedido de sequestro de bens móveis e imóveis dos investigados que estariam envolvidos na fraude.
Sul de Minas
Nas investigações desenvolvidas pela Receita Estadual e pelo Caoet Varginha, e que contaram ainda com o apoio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Passos) e da Polícia Militar, evidências apontam uma dinâmica criminosa semelhante.
Uma empresa situada em Andradas é suspeita de simular a aquisição de mercadorias provenientes de outros estados, principalmente, do Mato Grosso e do Maranhão, com o objetivo de obter créditos tributários de forma ilícita. Além disso, ao que tudo indica, as saídas de mercadoria declaradas também são fictícias.
Em todo ano de 2020 e nos primeiros meses de 2021, a empresa de Andradas apresentou movimento contábil superior a R$ 1 bilhão. Com a fraude, em razão do não recolhimento do ICMS, o prejuízo causado aos cofres públicos pode chegar a R$ 100 milhões.
Operação
A operação Sinergia conta com a participação de 11 promotores de Justiça, seis funcionários do Ministério Público Estadual, 46 servidores da Receita Estadual, 20 delegados e 135 investigadores da Polícia Civil de Minas Gerais, além da participação da Polícia Civil de São Paulo e Tocantins.