Morreu nesta madrugada de segunda-feira (12) o economista e ex-ministro da Fazenda, Antônio Delfim Netto, aos 96 anos. Ele havia dado entrada no Hospital Israelita Albert Einstein, no último dia 5, onde veio a falecer em decorrência de complicações no quadro de saúde.
Nascido na capital paulista em 1º de maio de 1928, era graduado em economia pela USP (Universidade de São Paulo), em 1951, logo se tornou professor da instituição, com seus trabalhos se destacando na área econômica e o levando à vida pública.
A USP publicou em seu site uma biografia resumida do economista: “Seus trabalhos didáticos e de pesquisa são, neste momento, voltados para os estudos dos problemas da economia brasileira, planejamento governamental e teoria do desenvolvimento econômico. Sua linha de pensamento baseou-se essencialmente na aplicação da teoria neoclássica no plano microeconômico e ideias keynesianas ou monetaristas no plano macroeconômico”.
Netto foi ministro da Fazenda entre os anos de 1967 e 1974, além de ministro do Planejamento entre 1979 e 1985, ministro da Agricultura em 1979 e embaixador do Brasil na França de 1975 a 1977.
Foi secretário da Fazenda do estado de São Paulo em 1966 e ministro da Economia nos governos Costa e Silva e Médici, entre os anos de 1967 e 1974, no período em que o país cresceu à impressionante taxa anual de 11%, denominado de “Milagre Econômico”.
Netto votou a favor do Ato Institucional 5 (AI-5), que tornou mais intensa a ditadura no Brasil, afirmando que “deveria ser concedida ao presidente a possibilidade de realizar certas mudanças constitucionais, absolutamente necessárias para que este país possa realizar seu desenvolvimento com maior rapidez”.
Em 2013, 45 anos depois, Delfim Neto reiterou seu posicionamento durante uma sessão da “Comissão da Verdade”, “se as condições fossem as mesmas e o futuro não fosse opaco. Eu não só assinei o AI-5 como assinei a Constituição de 1988, mas nunca apoiei a repressão”.
Após o período militar no País, Netto foi deputado federal. Em 2006, depois de cinco mandatos por São Paulo, ficou fora da Câmara.
Durante a Operação Lava Jato, o ex-ministro foi investigado sob suspeita de ter recebido R$ 15 milhões, num repasse feito por Antônio Palocci.
As investigações comprovaram que ao menos R$ 4,4 milhões das empresas vencedoras da licitação foram pagos a ele, com recursos repassados por meio de contratos fictícios de consultoria a empresas em que ele tinha sociedade com um sobrinho. Delfim negou as acusações e afirmou que os serviços, foram sim prestados.