Dezenas de representantes da “Associação Itabirana de Artistas e Artesões” e da “Associação Fazendo Arte” realizaram uma espécie de manifesto na reunião de comissões da Câmara nesta segunda-feira (10). Elas cobraram um apoio maior do poder público, principalmente da Prefeitura de Itabira, à tradicional atividade. O grupo foi convidado para comparecer ao Legislativo pela vereadora Rosilene Félix (MDB), autora do projeto de lei 67/2023, que institui a Lei de Incentivo ao Artesanato em Itabira.
Presidente da Associação Fazendo Arte, Sheila Kimura leu uma carta na qual cobra do Executivo maior fomento às profissionais e a inclusão do artesanato em eventos culturais de Itabira, dentre outras medidas. Segundo o manifesto, diversas artesãs estão abandonando a atividade por conta da falta de incentivo.
“Somos duas grandes equipes, somando um total de quase 100 famílias. Apesar de que sejamos a grande maioria mulheres, donas de casa, mães solo, dentre algumas que estão nos deixando para o mercado de trabalho, pois não estamos conseguindo alcançar os objetivos sem esse apoio. Estamos conseguindo nos organizar, já possuímos uma lei municipal de 2018, sendo seu criador o vereador Neidson. E agora uma lei estadual de 2023, através da nossa representante Rose Félix, feita pelo deputado Tito Torres”, diz a carta.
Em outro trecho, Sheila traçou uma linha do tempo com toda a luta para conseguir diálogo com o município. “Mergulhando no ensejo de estarmos aqui, enfrentamos grandes dificuldades para nos fazer ouvir pelo Poder Executivo com as nossas demandas. Desde o início deste mandato, iniciamos conversação com vários secretários, chefes de ginete e vereadores. Sem sucesso. Neste contexto, tentamos linha direta com o prefeito, enviando o primeiro ofício em 17 de novembro de 2022, e até a presente (data) sem retorno. Continuamos na caminhada com a tentativa de sermos ouvidas, contudo, não encontramos ouvidos que se atentassem às nossas súplicas pelas casas da lei. Tentativas diversas, ofícios enviados sem retorno, reuniões canceladas, protocolos diversos entregues sem retorno. Qual o motivo para essas solicitações? Queremos apenas o bem estar e a continuação dos trabalhos das associações”, completa.
Parte da economia
Principal voz do movimento na Câmara, Rose Félix defendeu o impacto econômico do artesanato em Itabira. Além disso, a emedebista ainda defende que a prática seja difundida nas escolas.
“Nós que temos uma vocação econômica voltada ao turismo não podemos deixar de colocar o artesanato como uma categoria importante da nossa parte cultural. E, com isso, temos que deixar de apenas falar que o artesanato é bonito. Além de ser uma atividade profissional que ajuda a prover o sustento das casas, o artesanato tem uma função social importante. E também do ponto de vista da saúde mental acredito que tem uma contribuição valiosa. Então Itabira precisa colocar o artesanato nas pautas e programações culturais que acontecem na cidade. Muitas vezes elas são convidadas de última hora, há pouco incentivo, insuficiente para que elas possam formar outros artesãos. Isso deve ser uma política permanente, de repente sendo realizadas até nas escolas, para que os pequeninos itabiranos valorizem nossa cultura”.
Segundo Rose, o artesanato deveria ser incluído, inclusive, no Festival de Inverno, hoje em sua 49ª edição. “Estamos vivendo agora o festival, e o festival não pode ser só para valorizar músicos que vem de fora de Itabira. O festival deve ser itabirano, para valorizar a cultura itabirana. E o artesanato deve receber um destaque especial”, acrescenta a parlamentar.
Concordância
Líder do Governo na Câmara, Weverton Leandro Santos Andrade, o Vetão (PSB), elogiou o projeto de lei da colega de Legislativo e garantiu que contribuirá com a luta das artesãs. Para o pessebista, além de aprovar a proposta, é fundamental promover a participação da categoria no circuito cultural de Itabira.
“Só quem teve em casa alguém precisando de uma outra atribuição para trabalhar algo interno sabe o que o artesanato consegue construir. Me coloco à disposição da Sheila e das demais associações, juntamente com a vereadora Rose, para diminuirmos um pouco dessas arestas que, infelizmente, foram produzidas até o momento, como vocês mesmas disseram. Tenho certeza absoluta que o prefeito está preocupado, quer fazer uma entrega e um incentivo cultural ao nosso município e, claro, vocês fazem parte deste interesse. E não só aprovar esse projeto, mas juntos travarmos essas boas discussões com a Prefeitura, para que vocês possam ser inseridas nos eventos culturais”.