A Polícia Civil de Minas Gerais apresentou o resultado das investigações que apuraram uma chacina que aconteceu no dia 23 de maio deste ano, no bairro Justinópolis, em Ribeirão das Neves, na Região Metropolitana de Belo Horizonte. Na ocasião, três pessoas morreram, incluindo duas crianças de 9 e 11 anos, e outras seis, com idades entre 13 e 45 anos, sobreviveram ao atentado.
As investigações concluíram que os assassinatos, ocorridos durante a festa de aniversário da vítima de 9 anos, filho do alvo principal dos suspeitos, tem relação com tráfico de drogas na região do Morro Alto, em Vespasiano, na Grande BH. Ao todo, sete homens e uma mulher, com idades entre 23 e 45 anos, foram indiciados pelos crimes.
O delegado Marcus Rios, da Delegacia Especializada de Homicídios em Ribeirão das Neves, contou que, apesar dos suspeitos terem o homem como alvo, as outras execuções também teriam sido planejadas. “Conforme apurado, os suspeitos chegaram ao final da festa, em dois veículos, com armas com capacidade para disparos em modo rajada, conforme confirmaram testemunhas. Apesar de o homem de 26 anos ter sido o alvo principal, a execução de outras pessoas sem vínculo com a criminalidade, incluindo crianças, não foi um mero erro de execução. A hipótese é de que se tratou de uma chacina direcionada”, o delegado.
Ainda segundo o delegado, ao menos dois atiradores estariam envolvidos no crime. “Algumas das vítimas sobreviventes, como as mães das crianças, reagiram para protegê-las e atingiram o atirador mais próximo com cabo de vassoura e socos. Contudo, um segundo suspeito percebeu essa reação e atirou na direção delas. Os disparos, porém, não as atingiram”, narrou.
Indiciamento de oito pessoas
O inquérito policial, com mais de 400 páginas, foi concluído em 24 de junho com o indiciamento dos oito investigados, cada qual em sua respectiva participação, pelos crimes de homicídio qualificado por motivo torpe, meio que impossibilitou a defesa dos ofendidos e vítima menor de 14 anos.
Um dos suspeitos foi preso em flagrante na data do crime e outros dois tiveram mandados de prisão preventiva cumpridos a partir de representação da Polícia Civil.
Motivação da chacina
A Polícia Civil apurou que os investigados teriam se organizado em dois grupos diferentes para planejar o crime, que teve motivação em conflitos relacionados com o narcotráfico, do qual a vítima de 26 anos era associada. Alguns dos mandantes eram do Morro Alto e outro havia sido expulso da região há mais tempo.
“Há alguns anos, a vítima se desentendeu com esses indivíduos; houve um atrito entre os três, com ameaças e tentativas de homicídio. Recentemente, os mandantes do Morro Alto iniciaram uma parceria com o indivíduo exilado. O plano seria trazer de volta o traficante exilado para o Morro Alto, colocando-o para assumir o ponto de tráfico da vítima”, detalhou Marcus Rios. “Considerando que esse retorno poderia ser seguido de resistência, os dois grupos, então, planejaram os assassinatos”, completou.
O delegado ressalta que tal circunstância reforça a hipótese de que o os mandantes do crime também planejaram as execuções brutais como forma de recado a outros envolvidos na criminalidade no Morro Alto que sugerissem resistência. “Nós obtivemos, inclusive, tanto provas subjetivas dessa hipótese, por meio de testemunhas, quanto periciais, como a análise dos focos de disparo”, destacou.