Se as denúncias de agressões do brasileiro Antony contra a ex-namorada já possuíam bastante elementos, nesta segunda-feira (4) elas ganharam força. Uma reportagem do UOL mostrou novos trechos dos relatos feitos pela DJ Gabriela Cavallin, que envolvem ameças e agressões físicas. E se já era um absurdo ver o ponta direita, revelado pelo São Paulo, atuando livremente em campo, a situação agora fica ainda mais insustentável.
Por parte da seleção brasileira, o mínimo foi feito. Nesta tarde, Antony foi “desconvocado” por Fernando Diniz e substituído por Gabriel Jesus. Porém, é importante enfatizar que as denúncias são antigas. Até então, a CBF tratava com mais rigor as denúncias de um suposto envolvimento do meia Lucas Paquetá com o mundo das apostas, dando a entender que a violência contra as mulheres era algo menor.
Em relação aos Red Devils, nada foi feito até aqui, o que não é exatamente uma surpresa. Basta lembrar que o clube inglês não chegou a demonstrar preocupação em reintegrar o meia Mason Greenwood – também acusado de agredir a companheira, em outro caso com provas muito robustas – ao elenco. A decisão só foi revista após muita pressão dos próprios torcedores. Hoje, o atleta inglês atua pelo Getafe, da Espanha.
Tudo isso faz parte da bolha criada e alimentada pelo futebol, que faz do esporte uma espécie de “sociedade à parte”. Nela, todos os seus personagens parecem livres para cometerem crimes dos mais pesados. Basta calçar uma chuteira para passar ileso a qualquer punição ou questionamento.
Mas as coisas estão mudando. Há mais pessoas dispostas a discutirem temas antes adormecidos, relacionados, principalmente, a ataques às minorias. E fica a esperança de que o caso Antony seja uma página a mais desta nova realidade.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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