Com seu estilo simples e franco ao falar, o governador de Minas, também empresário do varejo, postos de combustíveis e outros, Romeu Zema, concedeu interessante entrevista à Folha de São Paulo, onde revelou suas ideias na vida política mineira e nacional.
Um dos primeiros governadores a declarar seu apoio ao presidente Jair Messias Bolsonaro (PL), Zema (Novo) afirma temer mais o Lula (PT) do que as falas inconsequentes do atual chefe do executivo, que, apesar de impulsivas, não oferecem risco à democracia.
O governador mineiro compara o governo Lula a “um atleta que tomou anabolizante. Tivemos uma propaganda falsa que associou Lula a um período de bonança, que realmente existiu, mas não se sustentou”.
Zema admite ter pedido apoio da bancada do PL na Assembleia Legislativa, antes do aceno do presidente Bolsonaro e promete acompanhá-lo junto aos prefeitos do interior do estado.
Embora dados do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) indiquem que os candidatos mais votados em Minas foram ele e Lula, indagado sobre o que ganharia em apostar em Bolsonaro, Zema foi enfático ao afirmar que “ganha em consciência limpa ao apostar num candidato que tem melhores propostas. Minha visão de fazer política é fazer o que agrega para o município, estado e o país, e não o que possa agregar para a minha carreira, até porque, minha política é pós-carreira. Não tenho projeto de poder pessoal, de enriquecimento, já que estou aqui como governador voluntário, o que me dá mais liberdade de ação”.
Lembrando que, embora tenha as residências oficiais do Estado à sua disposição, o governador mineiro paga aluguel do seu próprio bolso, além de doar seu salário a entidades filantrópicas em diversas cidades do interior mineiro, todos os meses.
Zema prossegue: “A forma de eu conduzir e enxergar a solução dos problemas de Minas e do Brasil tem uma semelhança de 70% com o presidente e quase nenhuma com o PT. Apoiar o PT não faz sentido, já que, desde o primeiro dia que estou como governador, tenho sofrido as consequências do que eles fizeram no estado. Não posso apoiar algo que sempre condenei. Com o presidente temos algumas convicções, de querer o Estado mais eficiente, de promover reformas; o oposto do que que quer o PT”.
Indagado se seu posicionamento não poderia atrapalhar o diálogo com Lula, no caso de sua eleição, diz: “Não acredito num presidente que apoia ditaduras como em Cuba, Venezuela e Nicarágua e que coloca como equipe uma quadrilha, como já ocorreu. Espero que ele não seja eleito, mas se for, nosso trabalho em Minas vai ter sequência”.
Para Zema, o momento de “bonança” vivido pelo Brasil no periodo Lula (2003-2010) teve a contribuição de uma série de fatores, como o crescimento quase globalizado, o valor das commodities que o país exporta, atingiu os maiores patamares da história, o pré-sal foi descoberto, a Copa do Mundo e as Olimpíadas também deram uma sensação de crescimento, mas, na verdade, se assemelha a um atleta que toma anabolizante, que aumenta sua musculatura e desempenho, mas depois vai colher problemas renais, cardíacos, hepáticos, como ocorreu com a recessão de 2015 e 2016.
“As pessoas se lembram do período bom, mas se esquecem do que veio depois. Conto aqui com o apoio dos parlamentares e dos prefeitos de Minas, que são grandes apoiadores, porque ninguém sofreu tanto quanto eles”.
Zema já fechou com Bolsonaro R$3.8 bilhões em recursos federais para o metrô de Belo Horizonte, com a contrapartida do estado no valor de R$400 milhões, e lembrou que a pandemia e a guerra na Ucrânia atrapalharam projetos, tanto para o governo federal, quanto para Minas Gerais.
Está prevista uma nova visita do presidente Bolsonaro a Minas no próximo dia 14, quando, ao lado do governador, pretende se reunir com cerca de 600 prefeitos da Associação Mineira dos Municípios!
O nome do governador Zema vem sendo estipulado entre bolsonaristas como possível candidato à Presidência da República em 2026.
Utilizando-se da discrição típica, cautelosa, Zema diz: “Vamos conversar sobre isso daqui a três anos. Sempre falo que, que faz o segundo andar do prédio, tem que se preocupar em bater a laje do terceiro, e estão me falando do vigésimo. Vamos falar no momento adequado. Meu foco agora é resolver os problemas de Minas!”, finaliza.