“A Vale não vai fugir da responsabilidade de auxiliar o município nessa jornada. É uma responsabilidade que a companhia tem”.
A frase acima é do diretor de Relações Institucionais da Vale, Luiz Eduardo Osório, ao responder a uma provocação do prefeito de Conceição do Mato Dentro, José Fernando Aparecido de Oliveira (MDB), sobre o papel da mineradora em Itabira no cenário pós-mineração. O executivo assegurou que a empresa não se furtará da responsabilidade de auxiliar o município a alcançar sua nova vocação, baseada em desenvolvimento tecnológico.
A declaração foi dada nessa terça-feira (27) durante o painel de encerramento do III Encontro Nacional dos Municípios Mineradores, promovido pela Amig, em Belo Horizonte. Além de Luiz Osório, participou da última atividade do evento o presidente da Anglo American no Brasil, Wilfred Bruijn “Bill”. Eles falaram sobre como as duas principais mineradoras do país podem ajudar a construir o que prefeitos e players do setor têm chamado de “nova mineração”.
Ao pedir a palavra ao fim das apresentações dos executivos, o prefeito de Conceição do Mato Dentro abordou a situação de Itabira. Com seu município em um momento exatamente inverso ao cenário itabirano, José Fernando se mostrou preocupado com os impactos da exaustão para todo o estado de Minas Gerais quis saber do diretor da Vale como a empresa tem acompanhado esse momento de transição da cidade-berço da companhia.
“Nós temos uma preocupação grande com Itabira. Qual é o papel da Vale neste momento em que a mineração deixa de existir em 2028? É o berço da mineração brasileira. Nós da Amig estamos acompanhando a situação, totalmente solidários e preocupados com a nossa região, porque os impactos não serão somente em Itabira, mas em toda região e no estado de Minas Gerais. O que vai ser de Itabira depois da exaustão das minas da Vale?”, questionou o conceicionense.
Luiz Osório respondeu que tem tido encontros com o governo de Itabira, através do prefeito Ronaldo Magalhães (PTB), e que toda ação da Vale será norteada por escolhas do próprio município. Segundo defendeu, cabe somente à cidade definir qual será o seu perfil pós-mineração.
“A vocação econômica do município após a mineração, quem tem que dizer é o próprio município. Nós, enquanto empresa, não temos a menor competência para dizer qual é essa vocação. A partir de escutas que nós fizemos com a sociedade e com o próprio Poder Público, liderado pelo prefeito Ronaldo, se busca desenvolver o município de Itabira como um polo tecnológico, para atrair outras empresas de tecnologia e outras faculdades também com esse foco”, disse o diretor de Relações Institucionais.
Recentemente, durante outro evento da Amig, dessa vez em Itabira, o secretário municipal de Obras, Ronaldo Lott, afirmou que a Vale ajudará o município na construção de novos prédios para o campus local da Universidade Federal de Itajubá (Unifei). Antes, quando foi pactuado o acordo para o projeto da instituição na cidade, cabia à mineradora a aquisição de equipamentos. As obras de edificação ficaram sob responsabilidade da Prefeitura, que agora busca apoio da companhia para o prosseguimento do projeto.
Sem mencionar a Unifei e nem falar em valores, Luiz Osório disse que as conversas estão adiantadas e que, inclusive, já reportou sobre os investimentos ao conselho gestor da Vale.
“Cabe à Vale ajudar o município nessa transição. Uma transição que vai acontecer nos próximos dez anos. E, nessas escutas que a companhia está fazendo, o diálogo está presente não só no nível da diretoria, mas eu já tenho reportado essa conversa sobre o investimento que a Vale pretende fazer no polo de educação de Itabira ao próprio conselho. Isso vai acontecer ao longo do tempo, combinado com o Ronaldo (Magalhães)”, finalizou o diretor da Vale.