Em assembleia realizada nesta terça-feira (30), o presidente do Sindicato Dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Itabira (SINTTROITA), Cáscio Cota, demonstrou preocupação com o futuro da Cisne, empresa responsável pelo transporte público do município, após o fim do subsídio a ela concedido, avaliado em quase R$ 35 milhões.
No encontro de ontem, foi votado e aprovado o Acordo Coletivo de Trabalho (ACT) 2023/2024 que concedeu reajuste salarial a motoristas e cobradores da empresa, que passam a receber, respectivamente, R$ 2.505,48 e R$ 1.420,26. No entanto, Cáscio se mostrou temeroso quanto à dependência do subsídio para que fossem concedidos os aumentos salariais.
“Hoje, nós vimos a Prefeitura dando subsídio para a empresa, mas e quando não tiver mais isso? Só conseguimos o reajuste por causa da ajuda da Prefeitura, que injetou dinheiro na empresa. E mais uma vez nós temos os trabalhadores sendo penalizados e precisando esperar tudo se resolver para ter seu reajuste”, questionou.
“E vocês (público da assembleia) acham que redução de preço de passagem é ruim para empresário, gente? Algum de vocês já notou que os ônibus estão mais cheios? Não vai ter mais ônibus vazio, não, e é claro que o lucro da empresa vai aumentar muito. Mas não sabemos como será o futuro porque pode não ter subsídio depois. O empresário tem um cofre do lado esquerdo do peito”, acrescentou Cáscio.
Fechado nesta terça-feira, o acordo coletivo não foi uma unanimidade. Enquanto 55 funcionários foram favoráveis à proposta, outros 21 votaram contra. Os motoristas receberam um reajuste de 19% em seus vencimentos, percentual bem acima dos 8,5% concedidos aos cobradores. Ainda ficou definido que o reajuste será retroativo a fevereiro deste ano e a diferença salarial correspondente ao período será paga entre julho e agosto.
Diante da insatisfação de alguns funcionários com a proposta trazida à mesa, Cáscio Cota citou uma possível limitação da Cisne ao definir os números. “O funcionário (da Cisne) que negocia com a gente aqui, o Ely (José de Almeida, gerente de operações da empresa), só pode oferecer até um determinado patamar, e ele falou com a gente que esse era o limite. E foi o que ele pediu para trazermos para a assembleia”, argumentou.
Apesar disso, o sindicalista ponderou que muitas categorias não conseguem o mesmo nível de reajuste. Ele ainda lamenta a falta de “recomposição” salarial nos últimos anos.
“Se você olhar os percentuais que estão oferecendo, não são valores ruins. Tem muita categoria que não conseguiu isso de reajuste. Mas acontece que tivemos perdas muito grandes lá atrás e isso nunca foi recomposto. Quem perdeu foi o trabalhador e nunca teve de volta isso que perdeu. Acreditávamos que era o momento de ter um pouco mais de consciência, mas não teve”, completou Cáscio Cota.