Na última semana, a reunião ordinária da Câmara de Itabira teve pauta vazia e, talvez por isso, abriu muito espaço para que os vereadores trouxessem outros assuntos para o debate — o que esquentou, e muito, a sessão plenária. O presidente da Casa, Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB), um dos que se manifestaram, fez duras cobranças quanto à condução da Secretaria de Saúde. Ele também rebateu a informação divulgada pela Prefeitura Municipal de que filas por exames haviam sido zeradas e afirmou que atrasos nos procedimentos seguem acontecendo na cidade. Essa cobrança aconteceu após pronunciamento do vereador Sindey Marques Vitalino Guimarães “do Salão” (PTB) que apresentou algumas denúncias relacionadas à pasta comandada por Clarissa Lages Santos.
“Não tem fila zero e infelizmente ainda acontece o atraso [na realização de exames], e nós temos que sair agora e falar a verdade, porque muitas pessoas procuram a gente para buscarem tratamentos e medicamentos e não têm conseguido. Temos que discutir de forma clara, buscar para que a secretária possa vir não para trazer dados, mas discutir a realidade. Número qualquer papel aceita, agora a realidade do povo… Eu costumo dizer que tem gente que vem de fora, pega o nosso recurso e depois vai embora e os problemas continuam. Agora, quem vivencia os problemas diariamente precisa ter resposta”, disparou Weverton Vetão.
No dia 10 de outubro, a Prefeitura de Itabira divulgou um release com o seguinte título: “Saúde zera filas de exame e reduz cirurgias acumuladas há anos em Itabira”. A chamada, que dá a entender que o problema foi solucionado na cidade, não reflete o teor do texto, que demonstra que ainda há uma série de exames e procedimentos acumulados na cidade. E esse fato foi alvo de críticas por diversos vereadores.
“Nós temos que ter coerência com as nossas palavras e posicionamentos. Eu, há quatro anos [durante o governo Ronaldo Lage Magalhães], estava nesta Casa e discutia e jogava aos quatro cantos que o município de Itabira tinha R$ 129 milhões, um recurso maior do que o de todas essas cidades menores da região, somente para a saúde e a saúde não estava de qualidade. Infelizmente a gente vê que isso continua, então quando a gente vem aqui para fazer e falar algo não é uma questão de que estamos atacando o governo, pelo contrário, queremos que melhorias sejam feitas”, afirmou o presidente da Câmara.
Crítico costumeiro da gestão do então prefeito Ronaldo Lage Magalhães, Weverton Vetão baixou o tom em relação ao governo passado para aumentar as cobranças à administração do seu correligionário Marco Antônio Lage (PSB), que, no entendimento dele, pouco fez nos últimos dois anos para sanar os problemas e demandas de saúde no município. Ele também questionou a condução da própria Secretaria de Saúde, comandada por Clarissa Lages Santos, que não é do município e, conforme denúncia feita pelo vereador Sidney Marques Vitalino Guimarães “do Salão” (PTB), não atua com frequência na cidade — e, supostamente, fica poucos dias por semana em Itabira.
“Eu sei que o prefeito Marco [Antônio Lage] tem isso [saber ouvir], porém está muito mal assessorado, infelizmente. As coisas não caminham e o município de Itabira não pode mais emplacar aquele discurso de que o governo passado não fez. O governo passado não fez nada realmente, mas já passou e temos que buscar uma solução. Itabira continua tendo um dos maiores orçamentos da saúde e o prefeito Marco Antônio tem boas intenções, não tenho dúvidas disso, porém não dá para uma pessoa que não conhece a realidade da nossa cidade, que vem poucas vezes, se isso realmente for verdade, lidar com algo tão crucial quanto a saúde do nosso povo, da nossa gente”, avalia Weverton Vetão.
“Essa questão da secretária [de Saúde] é algo que realmente temos que trazer a público e buscar a informação correta. Se eu conversei com a secretária foram duas ou três vezes, a gente manda mensagem e ela não responde. (…) Então quando eu venho aqui falar não é um sentimento de oposição, é um sentimento de povo, de gente simples que paga os seus tributos e não tem retorno”, completa.
O presidente do Legislativo ainda pediu melhorias nos atendimentos dos postos do Programa de Saúde da Família (PSF) e disponibilidade de medicamentos na Farmácia Municipal. “Nós temos que chegar no PSF e ter um atendimento de qualidade, temos que chegar na farmácia popular e o medicamento está lá sendo disponibilizado para a nossa gente. Foi isso que eu cobrei [nos últimos] quatro anos e eu não posso ficar calado agora porque o povo me cobra lá fora e cobra de todos nós [vereadores]. E quando fazemos essa cobrança aqui é porque queremos ajudar a Prefeitura a entregar lá na ponta, o que infelizmente não tem ocorrido”, destaca.
Outro lado
Procurada pela reportagem da DeFato, a Prefeitura de Itabira, por meio da sua assessoria de imprensa, afirma em nota que apenas as filas de cardiologia e coloprocto foram zeradas. Ainda destaca que os dados foram apresentados aos vereadores pela própria secretária de Saúde. Porém, não houve posicionamento em relação à frequência e disponibilidade de Clarissa Lages.
Confira a nota emitida pela Prefeitura de Itabira na íntegra:
“Sobre a questão dos procedimentos eletivos, o material apresentado pela secretária de Saúde na Câmara e depois distribuído para a imprensa é claro no sentido de que as filas de consulta de cardiologia e de coloprocto foram zeradas. O próprio material apresenta um quadro com os comparativos de cada especialidade, com a fila registrada em maio e depois em agosto de 2022.
Nesse sentido, a Secretaria Municipal de Saúde reafirma todas as informações distribuídas à imprensa, incluindo o portal DeFato Online. Todos os números e demais dados podem ser conferidos no link a seguir: https://www.itabira.mg.gov.br/
detalhe-da-materia/info/saude- “.zera-filas-de-exame-e-reduz- cirurgias-acumuladas-ha-anos- em-itabira/275746