Na última reunião ordinária da Câmara Municipal de Itabira, realizada na terça-feira (9), o vereador oposicionista Neidson Dias Freitas (MDB) usou o momento de livre discurso dos parlamentares para comentar a abordagem policial que resultou na prisão de um casal na avenida João Pinheiro que estava em posse de arma e munição, na região central da cidade, ocorrida na sexta-feira (5). A ação gerou revolta em populares e nas redes sociais e motivou personalidades locais e nacionais a se posicionaram em relação ao possível uso de força excessiva no procedimento — principalmente por haver duas crianças, um delas de colo, envolvidas no caso. O emedebista defendeu o trabalho realizado pela Polícia Militar (PM) e criticou um suposto uso político do ocorrido.
O principal alvo do pronunciamento de Neidson Freitas foi o prefeito Marco Antônio Lage (PSB). O chefe do Executivo itabirano, por meio das redes sociais, manifestou “repulsa diante das imagens de uma abordagem policial ocorrida no início da noite em Itabira”, além de afirmar que as “lamentáveis cenas que já circulam em redes sociais e sites de notícias de todo o país precisam ser apuradas com rapidez e rigor. Este não é o procedimento padrão das nossas escolas militares e do comando geral da corporação”.
“Não poderia deixar de falar da prisão de uma mulher [junto com o namorado] no último final de semana que, infelizmente, envolveu crianças. O que percebi ao final dessa polêmica foi o oportunismo dos políticos da nossa cidade, principalmente do nosso prefeito [Marco Antônio Lage] que se posicionou de imediato instigando a população itabirana contra a Polícia Militar. Isso é muito preocupante, pois não tinha tempo para ninguém saber o que estava realmente acontecendo”, disparou Neidson Freitas.
O emedebista, ainda, destacou que é necessário apurar o acontecido para determinara se houve excesso ou não durante a abordagem. Porém, defendeu o trabalho que é desenvolvido pelo 26º Batalhão de Polícia Militar e que não se pode gerar desconfiança na população quanto a atuação dos militares. Além disso, criticou o que chamou de “uso político” do caso por aqueles que se posicionaram antes mesmo de a Polícia Militar emitir qualquer comunicado sobre a abordagem.
“Eu não sou a favor de nenhum tipo de violência, mas não podemos gerar desconfiança da nossa sociedade na Polícia Militar. O 26º Batalhão [da PM] presta um serviço exemplar na nossa região, com abordagem de centenas de casos bem sucedidos e não será um caso isolado que irá transformar em chacota ou criminosa as ações dos nossos policiais em rede nacional, que foi o que aconteceu por posicionamentos de políticos oportunistas querendo fazer trampolim em cima de um fato grave como esse, que precisa ser apurado — e no qual a PM já se manifestou —, mas não podemos desacreditar a nossa polícia”, argumentou Neidson Freitas.
O prefeito Marco Antônio Lage não foi o único político local a se manifestar sobre o caso. O presidente da Câmara de Itabira, Weverton Leandro Santos Andrade “Vetão” (PSB); os vereadores Bernardo Souza Rosa (Avante), Rosilene Félix Guimarães (MDB), Carlos Henrique de Oliveira (PDT); e o deputado estadual Bernardo Mucida (PSB) também apresentaram as suas opiniões sobre o ocorrido. Instituições como a subseção da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) em Itabira e o coletivo Mulheres na Praça também se pronunciaram. Confira as manifestações aqui.
+ Prestação de contas: secretário de Obras não comparece à Câmara de Itabira; nova data será marcada
Outros posicionamentos na Câmara de Itabira
Após Neidson Freitas se manifestar em plenário, outros dois vereadores também comentaram sobre a abordagem policial ao casal itabirano. Heraldo Noronha Rodrigues (PTB) afirmou que houve um excesso por parte do policial e que era necessário mais sensibilidade, já que havia crianças no momento — mas não deixou de destacar a importância do trabalho da PM para a comunidade.
“Não sou contra os policiais fazerem repreensão contra o crime, mas ao olharmos a filmagem não tem como uma pessoa que gosta e defende as crianças acharem aquilo normal. Aquela pessoa cometeu realmente a infração, mas ela não estava com a arma em punho, muitos falaram que estava na bolsa dela, mas eu não vi. O policial também não viu, o que ele viu foi a criança no colo e tomou aquela ação. Temos que parabenizar o trabalho do 26º Batalhão da Polícia Militar, que é feito com agilidade, mas não podemos fechar os olhos para o que foi feito naquela ação, que pra mim pareceu falta de maturidade [do policial]”, disse Heraldo Noronha.
Para Júlio César de Araújo “Contador” (PTB) a polícia desempenha um bom serviço para a comunidade e que quem colocou a criança em risco é a mulher, pois, no entendimento dele, a utiliza como escudo para evitar a abordagem que seria realizada pelos militares.
“Gostaria de parabenizar a Polícia Militar e o 26º Batalhão pela atitude. Ao mesmo tempo, quero dizer que a mulher, por si só, tem o instinto materno de proteção à criança, então quando uma pessoa coloca uma criança como escudo, ali não tem instinto de mulher e de mãe — e não sei o que é, já que a atitude de proteção dela colocou a criança em risco. Se ele não tivesse nada a temer deveria entregar a criança para o policial, que é autoridade, ou entregar para alguém próximo, no entanto usou como escudo”, afirmou Júlio Contador.