A comerciante Letícia Lage de Almeida Costa, de 38 anos, é moradora da Rua Santana, no bairro Penha, em Itabira. Da varanda de sua casa, ela acompanhou, desesperada, o avanço das chamas que consumiram boa parte da vegetação no entorno do Pico do Amor e da Concha Acústica, localizados no Parque Municipal da Mata do Intelecto. Essa não é a primeira vez que ela presencia as queimadas na região.
Letícia usa suas redes sociais para postar fotos e vídeos do que testemunha de sua casa. “Não é melhor fazer um aceiro neste pontos preservados, como o Pico do amor e a Mata do Intelecto? Quantos animais e plantas que só ficam nesta região morreram? Todo ano, pelo menos duas vezes, tem estas queimadas. Sou leiga no assunto, mas acredito que um aceiro iria ajudar bastante a não ter um novo desastre deste com nossa fauna e flora”, questiona.
Em entrevista exclusiva ao portal DeFato, o tenente Marlon Medeiros, do 6º Pelotão do Corpo de Bombeiros de Itabira, conta que a maior dificuldade no combate às queimadas é a união de dois fatores: muitos focos e pouco efetivo. “A gente tenta dar a melhor resposta possível dentro dos recursos que temos. Com esses inúmeros focos priorizamos aqueles que representam o maior risco à população”.
Tenente Medeiros também explicou que os bombeiros contam com a ajuda dos brigadistas da Vale e da Brigada Florestal. Na noite dessa terça-feira (14), quando foram contabilizados ao menos cinco diferentes focos de incêndio em diversos bairros, a Prefeitura de Itabira, por meio do SAAE, da Itaurb e da Secretaria de Meio Ambiente, também ajudou no combate às chamas com o envio de caminhões pipas.
Indignação
O jornalista Celso Charneca, morador do bairro Pará, conta que presencia com muita frequência os incêndios. “Da minha casa avistamos os morros próximos a um trecho da estrada 105, atrás do bairro Chacrinha. As queimadas que acontecem lá são frequentes e as chamas consomem toda a vegetação do local”, descreve.
Celso detalha que as labaredas chegam a ficar muito altas, ameaçando casas na região e deixando um rastro de destruição, poluição e sujeira. “Acredito que sejam incêndios criminosos. E sempre que eles acontecem, o que fica é muita sujeira de cinzas e fuligem que deixam a casa suja. Sem contar no cheiro e na fumaça que deixam o ar mais pesado ainda”.
O jornalista destaca que as consequências das queimadas vão além do desconforto. “É uma ameaça à saúde da população, principalmente idosos e crianças que, normalmente, apresentam muitos problemas respiratórios. É um absurdo que isso continue acontecendo”.
A comerciante Letícia Lage compartilha do mesmo sentimento. “Os itabiranos já sofrem com a mineração e a poeira gerada pela Vale. Praticamente todos os itabiranos já tiveram ou tem algum problema respiratório. Para ajudar ainda mais, vem as fumaças destas queimadas gerando uma consequência pior. Acordei, hoje, com a garganta ardendo e dificuldade de respirar. É muito triste ver nossa cidade embaixo de nuvens de fumaça”, desabafa.
Assista aos vídeos com registros das nuvens de fumaça.
Confira abaixo uma galeria de fotos dos incêndios que aconteceram em Itabira nesta terça (14) e como a cidade ficou ao longo da quarta (15).