No último domingo (23), o mundo do futebol parou em frente à TV para acompanhar a final do maior torneio interclubes do mundo: a Champions League. A expectativa era altíssima, já que se tratava de um confronto entre Bayern e PSG, dois gigantes do cenário europeu. Um por tudo que já ganhou ao longo das décadas, outro pelo poder de investimento e o elenco estrelado.
Além disso, todos os olhos se voltavam a Neymar. Após várias temporadas sendo criticado por se ausentar dos momentos mais importantes do PSG ou por não levar sua trajetória no clube francês da maneira mais séria possível, o brasileiro via na final do sábado uma chance de calar a todos e provar que deu a volta por cima.
E se dependesse do incentivo externo, a consagração parecia bem encaminhada, já que o apoio ao craque formado no Santos foi muito forte antes e durante o jogo, especialmente nas redes sociais.
Porém, o que se viu em campo foi o show de outro brasileiro: Thiago Alcântara. O filho do campeão mundial em 1994 Mazinho deu uma aula sobre o que é ser um jogador moderno. Dinâmico, dono de um passe refinado e com uma ótima leitura de espaços, o meio-campista ditou o ritmo do campeão Bayern de Munique.
Diante da marcação adiantada e agressiva do Paris Saint-Germain, Thiago aparecia como o desafogo na saída de bola bávara, superando a pressão apenas com um toque ou uma rápida mudança de posicionamento corporal. Quando os franceses se plantavam na defesa e voltavam com quase todos os atletas, o passe preciso e cortando linhas sempre achava um companheiro livre.
Sem falar na maturidade para acelerar quando necessário ou cadenciar quando o jogo parecia estar fugindo de controle. Thiago é um reflexo da equipe em que atua, cujo senso coletivo atingiu um nível altíssimo a partir da efetivação do ótimo treinador Hans-Dieter Flick. Um time moldado para jogar de acordo com seu ritmo.
O PSG, por outro lado, apresentava os mesmos problemas de quase sempre: aposta exagerada nos talentos individuais e pouco trabalho de grupo. Neymar, cuja redenção teve de ser adiada, jogou mal, mas não pode ser culpado pelo fracasso de um dos recentes bilionários do futebol europeu.
O futebol evoluiu muito. Cenários nos quais um jogador carrega sua equipe rumo ao título, como fora Maradona na Copa de 86, estão se rareando, e a execução quase perfeita do jogo coletivo tem sido cada vez mais premiada.
Neymar é craque e ainda tem vários anos para responder seus críticos dentro de campo, mas não foi desta vez. Na final deste domingo, quem nos mostrou o que é o futebol de alto nível do século XXI foi outro brasileiro: Thiago Alcântara.
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