O Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) presta um desserviço à população. A falta de respeito já é uma atitude incorporada à paisagem. Os usuários das várias BRs- que cortam o estado de Minas Gerais- são testemunhas da incompetência e omissão dessa entidade pública. As ações emergenciais- implementadas dentro do mais simples improviso e sem um mínimo de planejamento- atazanam a vida de motoristas e passageiros. Algumas “maravilhosas” interferências nas intermináveis obras de duplicação da BR-381 são exemplos de irritantes desmazelos.
As invencionices dos profissionais do DNIT aniquilaram a paciência da população itabirana, nos últimos dez anos. Desvios e outros malabarismos práticos facilitam a vida das empreiteiras que atuam na obra, sem dúvida. O bem-estar dos viajantes, porém, sempre foi relegado a um segundo plano. O povo de Itabira paga um alto preço por essa falta de comprometimento republicano. A realidade não tem contestação. Em algumas ocasiões, um simples deslocamento até Belo Horizonte se transformou numa epopeia. O pequeno percurso de 110km chegou a ser percorrido em cinco horas. Um absurdo. E mais: os sofríveis desvios e sinalizações precárias ainda colocam em risco a vida de corajosos motoristas.
As intensas chuvas que assolaram Minas Gerais fizeram o órgão governamental entrar em campo. Mas, atenção. Não se cutuca onça com vara curta. Consequência: estabeleceu- se a previsível cultura do caos. Na prática, desabou literalmente a chamada tempestade perfeita: dilúvio intenso e inapetência “dnitiana”.
Os moradores do Vale do Aço são as novas vítimas do “zumbi” estatal. Assiste-se, agora, mais um desempenho desastrado. A interdição da rodovia 262, na altura do quilômetro 321, nas proximidades de Nova Era, é uma amostra grátis da (in) capacidade dos “gênios” do DNIT. O trecho tem fundamental importância social e econômica para o estado e o país. Por ali, trafegam, diariamente, milhares de caminhões com gêneros alimentícios, combustíveis e produtos agropecuários. Algumas centenas de estudantes também utilizam a BR. E, mais uma vez, comprovou-se a teoria de Murphy: “nada é tão ruim que não possa piorar”. O órgão público, com a costumeira arrogância e onisciência, trata a população na base da chibata. A bizarra interrupção- que começou em 14 de janeiro- nem tem prazo para terminar. E tomem surrealistas rotas alternativas.
Os transtornos são imensuráveis. Mas nada de surpreendente. Afinal, a omissão e desleixo do DNIT viraram tradição. E fica aqui uma percepção bastante perturbadora: juízes, membros do Ministério Público e políticos trafegam diariamente pela estrada da aporrinhação. No entanto, não se conhece nenhuma atuação desses servidores públicos e “representantes do povo” em benefício da sociedade dessa região de Minas Gerais. Até quando?
Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.
O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato