A Semana Santa de 2024 marca o centenário da Caravana Modernista, composta por nomes que se imortalizaram no cenário artísitico nacional.
Esse tour ocorreu em 1924, quando esses artistas passaram por Belo Horizonte, Oro Preto, Congonhas e outras cidades do interior mineiro, movimento que foi considerado e denominado como uma “viagem de redescoberta do Brasil”.
Ouro Preto, por ocasião dessa celebração, receberá uma caravana formada por ao menos 70 especialistas, entre brasileiros e estrangeiros, de vários segmentos artísticos. Na pauta, apresentação de trabalhos e debates acerca das obras de Oswald de Andrade, Mário de Andrade e Tarsila do Amaral, integrantes da excursão original, além da realização de oficinas e pequenos cursos.
Ouro Preto, a antiga Vila Rica, ex-capital de Minas e primeira cidade reconhecida pela Unesco como patrimônio mundial, recebe de braços abertos os visitantes papra a erimônia da Semana Santa, ao mesmo tempo que dá boas-vindas à celebração que valoriza a história, a arte barroca e o patrimônio cultural.
Com programação extensa, o seminário “Minasmundo, Ouro Preto (2024-1924)” será realizado, de 25 a 27 de março, na Casa da Ópera, no auditório do Museu da Inconfidência e na Casa Guignard, no Centro Histórico.
Resultado do trabalho de quatro anos de um grupo de pesquisadores que trabalhou na preparação do evento, começa com a presença da professora Eneida Maria de Souza (1943-2022), referência em literatura na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), e que se mostra ainda mais estimulado com oportunidade de falar sobre a viagem ocorrida em abril de 1924, dois anos após a Semana de Arte Moderna de 1922, em São Paulo (SP).
A caravana de um século atrás veio a Minas de trem e na caravana estavam a artista plástica Tarsila do Amaral (1886-1973), autora, entre outras obras, do famoso óleo sobre tela “Abaporu”; o escritor e dramaturgo Oswald de Andrade (1890-1954); o escritor e poeta Mário de Andrade (1893-1945), autor de “Macunaíma”; o poeta franco-suíço Blaise Cendrars (1887-1961); a fazendeira Olívia Guedes Penteado (1872-1934) incentivadora do modernismo e dos artistas brasileiros; o jornalista René Thiollier (1882-1968) e o advogado Gofredo Silva Telles.
Um dos coordenadores do Projeto Minasmundo, André Botelho, professor de Sociologia da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), fala sobre esse importante momento em que se celebra a arte: “Teremos a participação de profissionais altamente qualificados das áreas de ciências sociais, letras, artes plásticas, artes cênicas, ciência política, arquitetura e história. Assim, queremos promover um diálogo entre todos: sociologia conversando com arquitetura, literatura com artes plásticas, a fim de mostrar os diversos aspectos da viagem dos modernistas a Minas”.
Fazem também parte da coordenação os professores Wander Melo Miranda, da Universidade Federal de Minas Gerais(UFMG), Pedro Meira Monteiro, da Universidade de Princedton (EUA), Maurício Hoelz Veiga Junior, da Universidade Rural do Rio de Janeiro e Mariana Chaguri, da Unicamp (Universidade de Campinas).
“Nosso objetivo é discutir criação artística e mudança de rumo do modernismo e do cosmopolitismo da cultura brasileira. Com a viagem dos modernistas, foi destacada a importância da obra de Antônio Francisco Lisboa, o Aleijadinho (1738-1814), vista então como cópia malfeita do Barroco europeu”, diz Botelho.
Segundo Botelho, nomes conhecidos da cultura nacional estarão presentes ao seminário em Outro Preto, como Bia Lessa, Conceição Evaristo, Paulo Nazareth, Ricardo Aleixo, Lilia Schwarcz e Silviano Santiago.
Programação
Seminário Minasmundo – Ouro Preto 2024-1924
Dia 25/03
10h – Abertura oficial, na Casa da Ópera, pelo prefeito de Ouro Preto, Angelo Oswaldo de Araújo Santos, com o professor Wander Melo de Miranda, da UFMG, e demais corrdenadores do Projeto Minasmundo.
10h30 – Miragense redescobrimentos do Brasil,a Casa da Ópera, com Lilia Moritz Shwarcz, da Universidade de Princeton e Angelo Oswaldo de Araújo Santos.
Debate: André Botelho, da UFRJ.
14h – A viagem modernista de 1924: contextos e consequências, no auditório do Museu da Inconfidência. Com Elde Rugai Bastos (Unicamp), Carlos Augusto Calil (USP), Roberto Said (UFMG) e Maurício Hoelz (UFRRJ).
Debate: Victor da Rosa (UFOP) e coordenação de Andrea Borges Leão, da Universidade Federal do Ceará (UFC).
17h – Conversa com Bia Lessa, na Casa da Ópera, com Paulo Maciel (UFOP) e Rodrigo Jorge Ribeiro Neves (UERJ)
Dia 26/3
10h – Minas e os mundos, no auditório do museu da Inconfidência, com Elisa Reis (UFRJ), Júnia Furtado (UFMG), Wander Melo Miranda (UFMG) e Ricardo Aleixo (UFBA). Debate: José Newton Meneses (UFMG) e coordenação de Celi Scalon (UFRJ).
14h – Duas exposições em Ouro Preto, no auditório do Museu da Inconfidência, com Rômulo Pinheiro (Instituto Peck Pinheiro) e Edilson Pereira (Eco-UFRJ) e mediação de Sabrina Parracho Sant’anna de Abreu (UFRRJ).
15h – Minas, volutas, movimentos, no auditório do Museu da Inconfidência, com Inés de Torres (Universidad de La Republica/Uruguay) e Joana Tavares (Univerdade Federal do Estado do Rio de Janeiro/Unirio), André Bittencourt (UFRJ) e Daniela Giovanna Siqueira (Universidade Federal do Mato Grosso/UFMT), Manaíra Alves Athayde (University of California, Santa Barbara).
Debate: Myriam Ávila (UFMG). Coordenação:Enio Passiani (UFRGS).
17h30 – Lançamento do Glossário Minasmundo e roda de conversa com
pesquisadores e participantes do Projeto Minasmundo, e “Cachaça e Literatura” com Maurício Ayer.
Dia 27/3
11h – Sessão especial com Paulo Nazareth, na Casa da Ópera. Conversa co Maria Angelical Melendi (UFMG). Mediação: Denílson Lopes (UFRJ).
14h – Cosmopolitismo: palavra perigo, no auditório do Museu da Inconfidência. Com Mario Cámara (Universidad Nacional de las Artes/Argentina, Rubem Barboza (UFJF), Pedro Meira Monteiro (Princeton) e Heloisa Starling (UFMG).
Debate: Helena Borneny (UERJ). Coordenação: João Pombo Barile (Suplemento Minas Gerais).
17h – Encerramento. Cosmopolíticas: conversa com Conceição Evaristo e Silviano Santiago, na Casa da Ópera. Mediação: Leda Maria Martins (UFMG).