No dia 11 de novembro, há pouco mais de um mês, o Cruzeiro anunciava o retorno de um velho conhecido. Bicampeão da Copa do Brasil e do Campeonato Mineiro pelo clube, Rafael Sobis desembarcava pela segunda vez na Toca da Raposa, onde já havia atuado entre 2016 e 2018.
A contratação do atacante foi contestada por muita gente (inclusive eu), que duvidava da possibilidade do veterano, hoje com 35 anos, oferecer algo mais ao time. Além disso, o investimento, a princípio, parecia ter mais argumentos jurídicos do que técnicos.
É que ao acertar sua volta, Sobis aceitou fazer um acordo na Justiça do Trabalho para retirar uma ação de setembro deste ano, na qual ganhou R$ 3,2 milhões de reais da Raposa.
Mas 34 dias se passaram e o atacante simplesmente tomou conta do time. Além de marcar gols – inclusive um golaço do meio campo contra o Brasil de Pelotas-RS – e dar assistências, Sobis se mostra uma liderança técnica e moral dentro do grupo.
A notória competitividade, que o ajudou a se tornar um dos jogadores mais vitoriosos do país no século, claramente impactou o moral do time em campo. Antes considerado, por vários torcedores, um grupo apático, o Cruzeiro hoje se mostra mais “vivo” durante as pelejas.
Em campo, o centroavante exerce um papel de camisa 10. Ele sai da referência, busca a bola entre os meias e se aproveita da boa técnica para contribuir na armação do jogo. Esta característica, combinada ao fato dos pontas cruzeirenses atacarem muito o espaço às costas da defesa, tem deixado a equipe de Felipão mais “imprevisível”.
No trato com a bola, Rafael Sobis se mostra muito superior aos seus concorrentes da posição. O outrora atacante de Internacional e Fluminense consegue segurar a redonda lá na frente com muito mais competência do que Marcelo Moreno, por exemplo, sempre atrasado nas jogadas.
Para um time que joga com as linhas de marcação muito baixas, ter um jogador que saiba reter a bola até o restante dos setores sair da intermediária defensiva é fundamental. Por falar em marcação, a idade já elevada para um jogador profissional de alto nível não impede que o novo titular do ataque cruzeirense contribua no sistema defensivo. Rafael Sobis não deixa de fazer o combate aos defensores adversários, mesmo que, para isso, tenha de apelar para faltas mais duras.
Diante de uma temporada com tantos erros na gestão do futebol celeste, a diretoria acertou em cheio ao negociar novamente com o veterano gaúcho de Erechim. Se hoje o Cruzeiro sonha com o acesso à Série A, Rafael Sobis possui muita responsabilidade nisso.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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