Perdoe-me o atraso. Minha vontade era escrever esse texto, no máximo, dez minutos após o fim do jogo de ontem. Mas o bendito do computador não ajudou. Mas aqui estamos. Algumas horas depois de assistirmos ao maior jogo de futebol da história.
Sim, sem exagero. Pense nas maiores partidas que você já viu, em algum critério elas serão superadas pelo épico de ontem. Tínhamos, lado a lado, duas seleções poderosíssimas, verdadeiras potências. Uma conduzida pelo maior da sua era e outra por aquele que provavelmente será o maior da sua era. Final de Copa do Mundo, gols, mudanças de enredo…
Argentina e França elevaram o nível do esporte a algo que nunca havíamos visto. No final, melhor para os hermanos. E que bom! Seria frustrante ver um final diferente em um roteiro tão impressionante. Houve de tudo na campanha argentina.
Desde a derrota inesperada e doída contra a Arábia Saudita na primeira rodada, o alívio contra o México, a consolidação contra a Polônia, o sofrimento diante da Holanda. E a consagração de ontem.
Dado o primeiro tempo, a vitória se encaminhava tranquila e categórica. Os franceses, totalmente desajustados coletivamente, não viram a cor da bola. Já os argentinos jogavam uma final de Copa do Mundo. Concentração elevadíssima e muita entrega em cada disputa de bola.
Mas o futebol odeia a pasmaceira. Em questão de minutos, o jogo virou completamente e a atual campeã do mundo estava viva, buscando um 2 a 2. “Ahh, mas a Argentina se desconcentrou, subiu no salto”. Não nos apeguemos ao simplório. O time de Lionel Scaloni saiu de uma situação confortável para a apreensão porque assim é o futebol. Há coisas que estão fora do nosso controle.
O fato é que, assim como contra a Holanda, Messi e Cia superaram o baque dos 120 minutos e tiveram frieza suficiente para levar os pênaltis. Brilhou a estrela de Emiliano Martinez, goleiraço de ascensão meteórica na Premier League e defensor ferrenho da psicologia, ignorada pela seleção brasileira, aliás.
A sequência de acontecimentos a partir da metade do segundo tempo de ontem parece obra dos astros. Estava tudo muito tranquilo para uma seleção – e um povo – habitualmente acostumada ao sofrimento. Ao seu modo, a Argentina levou seu terceiro mundial, naquele que foi o maior jogo de futebol da história.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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