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O novo (a)normal

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Foto: Banco de imagens

Andamos todos inquietos com este período de isolamento físico. Sem que percebamos, chega a nostalgia, sentimos saudades de como as coisas funcionavam antes. Em muitos momentos dá vontade de voltar ao que se era, de fazer tudo do jeito que costumávamos, afinal, já estávamos habituados a tudo, não é mesmo?

Neste sentido, lembro-me dos pacientes nos hospitais. Ao se submeter a uma cirurgia de grande porte, como a amputação de uma perna, seria possível esperar que a pessoa vá voltar a viver a mesma vida que tinha anteriormente? Acredito que seja pouco provável. Após a conclusão da cirurgia, ao sair do bloco cirúrgico e retornar à enfermaria, esta pessoa passará por um processo de recuperação, precisará de maiores cuidados. Quando estiver mais recuperada, poderá então voltar à sua rotina, mas dessa vez de uma nova forma, com um outro olhar.

A metáfora é interessante para abordar o que estamos passando durante o ano. Neste momento, estamos na fase da recuperação, no pós-cirúrgico. A nostalgia que sentimos de voltar ao que éramos antes não tem mais lugar. É necessário dizer que as coisas não serão exatamente iguais. Entretanto, também é cedo para estabelecer com certeza como tudo vai se desdobrar. Em vez de preocupar-se em como será o futuro, temos que entender que estamos construindo esse futuro agora, no presente, dia após dia. Como o paciente que perdeu sua perna, talvez precisemos usar uma muleta por um tempo… quem sabe talvez daqui um tempo conseguiremos desenvolver uma prótese para a perna perdida? São possibilidades que podem acontecer. Contudo, ainda não é o momento de definir as novas condições.

Muito tem se falado que depois de 2020 o mundo não será mais o mesmo, que tudo vai mudar. Isso ganhou até um nome: O novo normal. Particularmente acho esse nome curioso, porque dá a entender que antes vivíamos uma vida normal, que funcionava corretamente. Será mesmo que a correria, o excesso de atividades e de trabalho, o estresse, a ansiedade constante devem ser considerados normais? Se, como o paciente da metáfora, também estamos internados – em nossas casas – é porque algo não estava bem. Será que nossa vida de antes, que sempre foi (a)normal, depois que tudo passar deve continuar a ser a mesma?

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