Geralmente voltada às análises de projetos de lei apresentados tanto por vereadores, quanto pela Prefeitura, a reunião de comissões da Câmara de Itabira nesta segunda-feira (20) foi alvo de uma importante discussão. Integrantes do Serviço Autônomo de Água e Esgoto (Saae), dentre eles a presidente da autarquia, Karina Lobo, compareceram à Casa do Legislativo itabirano para prestar esclarecimentos sobre o problema de desabastecimento de água na cidade, um transtorno antigo enfrentado pela população.
Durante quase 50 minutos, Karina apresentou quais fatores estão causado a situação, além de elencar as ações realizadas pela empresa na tentativa de contornar o problema. Para ela, são quatro os atores fundamentais neste contexto: a natureza, população, a Vale e o próprio Saae. De acordo com a diretora-presidente da autarquia, a OMS recomenda que o uso diário diário de água gire em torno dos 115, 120 litros, número bem abaixo da média de consumo do itabirano.
“Contamos com a chuva pra poder resgatar nossos reservatórios, mas enquanto elas não vierem a gente precisa de conscientização. E é aqui que entra o papel da nossa população. A OMS recomenda que um habitante gaste entre 115 e 120 litros por dia. Aqui em Itabira a gente está consumindo 198 litros por dia, então estamos muito acima do que é recomendado. O papel do itabirano é economizar água”, disse.
Segundo Karina Lobo, todos os reservatórios da cidade estão operando abaixo da capacidade normal. A situação mais preocupante ocorre na Estação de Tratamento de Água (ETA) Pureza. Em um período regular, o reservatório costuma operar com 130 litros por segundo, número que caiu para 75 litros por segundo neste período de estiagem. A ETA Pureza é responsável por abastecer 55% da população de Itabira.
A líder do Saae acrescentou, ainda, que a falta de caixas d’água nas residências itabiranas também é um dificultador neste contexto. Para atenuar o problema, Karina afirmou que o município pretende implantar uma “caixa d’água social”.
“Está em andamento, em fase de estudo, pra gente criar a caixa d’água social. Porque eu não sei se é do conhecimento dos senhores (vereadores), um dos maiores problemas da população sentir falta d’água é porque as residências de Itabira não possuem caixa d’água. E aí quando a gente fecha um registro de 5 a 10 minutos, ela sente esse impacto. Se você tem uma reservação [sic], conseguimos fazer manobras necessárias sem ela (população) sentir esse impacto”, afirmou.
Alô, quem fala?
Na mesma apresentação, Karina Lobo detalhou uma das maiores reclamações do itabirano em relação aos serviços do Saae: a dificuldade em entrar em contato com a empresa.
“Nós não temos uma URA (Unidade de resposta audível) aqui. Então quando a população liga e fala que chama, chama e ninguém atende, eu descobri que todos os ramais do Saae, sem exceção, quando tocavam e ninguém atendia, ia para o 115. E se o funcionário estava em ligação, ao invés de dar o sinal de ocupado e entrar na lista de espera, era como se não tivesse ninguém para atender. Então estamos otimizando essa parte também”, relatou.
A reportagem da DeFato questionou a diretora-presidente sobre qual poderá ser o cenário mais crítico da falta de água em Itabira caso o consumo diário não seja revisto. Em resposta, Karina disse que “não consegue vislumbrar um cenário mais complicado que este”, já que a empresa está operando no limite.
Também a perguntamos sobre a demora para que o abastecimento de água seja reestabelecido em alguns bairros da cidade. O vereador Reinaldo Lacerda (PSDB) chegou a citar o anel hidráulico do município, mas Karina afirmou que o sistema não possui relação com tal transtorno.
“Temos alguns bairros, que são os bairros da parte alta, que temos uma certa dificuldade… demora um pouco mais (para restabelecer o abastecimento de água). O anel hidráulico não é especificamente para dar eficácia nesse tipo de distribuição. Mas, através de manobras, conseguimos fazer com que a água chegue primeiro na parte mais alta para depois distribuir na mais baixa”, alegou.