Após ser julgado por duas ocasiões pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) e ser impedido de disputar as eleições até 2030, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) parece não considerar a possibilidade de Michelle, sua esposa, candidatar-se à presidência da República, no próximo pleito eleitoral, em 2026.
Recentemente, um interlocutor ouviu de Bolsonaro que “Só a deixaria concorrer se ele fosse minha ex-mulher”.
A fala se deu em encontro recente com o interlocutor, velho conhecido do ex-presidente, que interpretou o tom irônico do comentário como se Bolsonaro aceitasse retornar ao Palácio do Planalto se ele mesmo fosse o candidato, com resistência em ter um papel secundário numa eventual gestão de sua mulher.
No entanto, pesquisas internas no PL indicam que Michelle seria uma candidata competitiva à Presidência da República, pois teria como atrativo o fato de ser mulher.
As mesmas pesquisas mostram que Tarcísio de Freitas (Republicanos), governador de São Paulo, tem bom apelo junto ao eleitorado e menos rejeição, tornando-o com maiores chances de vencer uma eleição em que Bolsonaro não participasse.
Interlocutores de Michelle afirmam que Bolsonaro até admitiria uma eventual candidatura da ex-primeira-dama, mas a resistência viria dos seus filhos, em relação conflituosa com Michelle, e consideram mais provável a ex-primeira-dama disputar uma cadeira ao Senado, onde reforçaria a bancada bolsonarista a partir de 2027.
A própria Michelle, em recente entrevista ao site Pleno News, afastou a possibilidade de disputar a presidência e voltou a defender a candidatura do marido. “O Jair está mais ativo do que nunca, nós estamos trabalhando para reverter as injustiças que ele vem sofrendo e eu acredito que será o nosso próximo presidente”.
Aliados de Bolsonaro querem ver chegar ao Senado ao menos um candidato conservador por estado, nas duas vagas possíveis em 2026, quando 2/3 da Casa será renovada.
O possível cenário permitiria, por exemplo, que os aliados de Bolsonaro abrissem votos suficientes para um processo de impeachment contra alguns ministros do STF na próxima legislatura.
Mas, integrantes do TSE acreditam ser pouco provável que ele consiga reverter a inelegibilidade, mesmo com o TSE sendo presidido por Kassio Nunes Marques e com André Mendonça na vice-presidência em 2026. Ambos foram indicados por Bolsonaro, isso porque a palavra final caberia ao STF, que a partir de 2025 será comandado por Edson Fachin.
Michelle, por sua vez, enfrenta inquéritos policiais que podem prejudicar sua imagem perante o eleitorado, uma delas, a que investiga o possível uso irregular do cartão corporativo da Presidência da República, além das investigações que giram em torno de sua conivência ou não no caso das joias e a operação ilegal de venda dos artigos de luxo.