Era um domingo à noite. Após mais uma derrota para o América nas semifinais do Campeonato Mineiro, Paulo Pezzolano anunciava sua saída do Cruzeiro no dia 19 de março. Ali, o mundo parecia ter acabado para muitos cruzeirenses.
O futebol jogado já era motivo de preocupação para o torcedor, que agora se via sem seu principal foco de esperança para a temporada. O Brasileirão, um dos mais difíceis dos últimos anos, estava prestes a começar. Era a tempestade perfeita.
Mas no dia seguinte, um nome pouco conhecido – como também era Pezzolano em janeiro de 2022 – foi anunciado no clube. Antes no mundo árabe, o português Pepa chegava com uma dura missão em mãos: transformar em competitivo um time com peças bastante limitadas. E conseguiu.
Pouco mais de um mês depois, o que se vê é um Cruzeiro muito bem montado e ciente do que fazer em campo. A intensidade, tão pregada por Pezzolano durante sua passagem, continua, mas também vemos um Cruzeiro mais propositivo, sabendo rodar a bola até encontrar os espaços na defesa adversária.
A principal jogada consiste em atrair a marcação em uma região do campo e rapidamente inverter a bola para o outro lado, menos povoado. O lado esquerdo, com Marlon, Vital e Bruno Rodrigues, é o mais perigoso. O trio troca de posições o tempo todo e reúne a criatividade de Vital, a velocidade e os bons cruzamentos de Marlon e o poder de finalização de Bruno Rodrigues.
O lado direito, hoje, é mais problemático. A má fase de Nikão sepulta várias jogadas potencialmente perigosas. É hora de testar, por exemplo, Rafael Bilu na posição, já que este tem entrado muito bem nos jogos.
Mas, no geral, tudo tem funcionado muito bem. Faltam desafios mais difíceis, claro, já que RB Bragantino e Grêmio tendem a disputar o mesmo campeonato da Raposa: contra o rebaixamento. Mas o dominío cruzeirense sobre ambos precisa ser reconhecido.
Junte-se a isso o fato de que poucos times da Série A estão jogando um futebol realmente confiável, e o torcedor já se permite sonhar com uma campanha tranquila. Algo bem diferente do que ele projetava naquele triste 19 de março.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.