Site icon DeFato Online

O que se sabe sobre o sequestro de um ônibus no Rio com 16 reféns

O que se sabe sobre o sequestro de um ônibus no Rio com 16 reféns

Foto: Reprodução/Globo News

Um sequestrador manteve 16 passageiros reféns na rodoviária do Rio de Janeiro, na tarde desta terça-feira (12). Ele se entregou e foi preso. O criminoso foi identificado como Paulo Sérgio de Lima, de 29 anos, e teve a arma apreendida. Pelo menos duas pessoas se feriram — uma delas em estado grave.

Lima suspeitou que era seguido por policiais e tentou entregar sua arma a um passageiro, na plataforma de embarque, enquanto o ônibus era preparado para iniciar a viagem. Diante da conduta inusitada, o passageiro se assustou, saiu correndo e, então, o criminoso deu três tiros em direção a ele, ferindo-o gravemente no coração, pulmão e baço — trata-se de Bruno Lima da Costa Soares, de 34 anos, natural de Juiz de Fora, Minas Gerais. Em seguida, rendeu os passageiros que já haviam entrado no ônibus.

Foi o que o delegado Mário Andrade, titular da 4ª Delegacia de Polícia Civil do Rio de Janeiro e responsável pela investigação sobre o caso, contou ter ouvido do criminoso durante depoimento na noite de terça-feira.

“Ele disse que é organizador do tráfico na Muzema [favela no Itanhangá, bairro da zona Oeste do Rio] e no domingo (10) foi à Rocinha [bairro da zona Sul do Rio] para pagar dívidas que tinha em alguns bares”, disse o delegado. “Contou que teve uma desavença com um traficante local e esse rapaz atirou nele, mas errou. Ele também atirou e errou. O traficante sobreviveu, e ele passou a ter medo de ser pego”, seguiu o delegado.

Por isso, Lima não voltou para casa: hospedou-se em hotéis do Centro do Rio e decidiu fugir para Juiz de Fora nesta terça-feira. “Ele foi para a rodoviária, comprou a passagem com dinheiro e achou que despertou suspeita ao tirar do bolso um maço de notas”, relatou o delegado.

Lima começou, então, a suspeitar que estava sendo seguido por policiais. Entrou no ônibus, mas o coletivo teve um problema mecânico quando estava saindo da vaga, ainda dentro da rodoviária. Por isso, o veículo voltou para a plataforma 42 e, enquanto o mecânico da empresa era acionado, os passageiros desembarcaram.

Quando viu um passageiro se aproximando, Lima achou que era um policial e decidiu entregar a arma. Tirou a pistola 9 mm e estendeu-a em direção a Bruno Lima da Costa, que não é policial e se assustou com a cena.

Costa saiu correndo e Lima atirou em sua direção — além desse passageiro, outro, que estava próximo, ficou ferido com os estilhaços da bala. Em seguida, Lima entrou no ônibus e rendeu as 16 pessoas que estavam lá dentro.

O delegado disse ter ouvido do sequestrador que tomou essa atitude por medo de ser entregue ao grupo do traficante com quem se desentendeu na Rocinha. Durante o tempo em que manteve os passageiros reféns, Lima chegou a atirar contra dois policiais que cercavam o ônibus, mas também errou.

Agentes do Batalhão de Operações Especiais (Bope) do Rio de Janeiro, a tropa de elite da Polícia Militar, atuaram no sequestro. A condução das negociações esteve a cargo da Unidade de Intervenção Tática, divisão do Bope especializada em situações de crise.

Segundo o delegado, Lima já tem duas passagens pela polícia — no Rio e em Minas. Ele deve ser indiciado por três crimes: tentativa de homicídio qualificado; sequestro e cárcere privado; e porte de arma de fogo de uso restrito. O envolvimento de Lima com o tráfico, como ele próprio admitiu, ainda será investigado, disse o delegado.

* Com Estadão Conteúdo.

Exit mobile version