Site icon DeFato Online

O risco Brasil nunca esteve tão alto

Brasil

Foto: Arquivo DeFato

Gosto de recorrer a Sérgio Buarque de Holanda nas minhas considerações sobre esse “animal” exótico chamado brasileiro. No livro “Raízes do Brasil”, o sociólogo paulista cunhou o termo “homem cordial” para definir as características psicossociais dos moradores desse bananal da periferia do planeta. Nesse caso, o adjetivo cordial é um dissimulador de impactante contradição. O brasileiro aparentemente seria generoso e hospitaleiro, mas apresenta rompantes de impulsividade e elevada instabilidade emocional. 

Essas relevantes oscilações de caráter são heranças do patriarcado colonial. O povo dessa terra sempre foi assim. Vamos colocar essa teoria numa linguagem mais coloquial: em média, os nativos do Brasil são falsos, mentirosos, fofoqueiros, oportunistas, racistas, arrivistas, misóginos, homofóbicos e violentos. Muito violentos. E, pior. A faceta virulenta da gente desse país tropica l- abençoado por Deus ou amaldiçoada pelo contraponto “Dele”- nunca esteve tão explícita como agora. 

Mas esse fenômeno (a violência latente) só veio à tona há pouco tempo. Até então, a agressividade tapuia permanecia inerte dentro de aconchegante armário. De repente, alguns monstros deixaram esse confortável esconderijo para se exibirem explicitamente. Essa realidade sádica ilustra muito bem as páginas de alguns órgãos de imprensa, notadamente os mais sensacionalistas.  

A percepção da real natureza do brasileiro revela o alto risco Brasil para o final desse ano. A “terra dos papagaios” vive um clima inédito de radical polarização política. A tensão aumenta a cada minuto. Vou repetir aqui a já surrada metáfora: nuvens negras e pesadas tomam conta da linha do horizonte.

Fortes vendavais e ríspidos relâmpagos completam a assustadora paisagem. Mais claro ainda: a nação está à beira de uma ruptura institucional, seguida de grave convulsão social. Sendo mais explícito: vem aí uma intensa quebradeira física com sérias consequências socioeconômicas. 

Nesse cenário apocalíptico, o povo tupiniquim terá a rara oportunidade de se desnudar moralmente. E aí, salve-se quem puder. Esse clima beligerante ainda pode ser evitado. Há tempo hábil para isso. Mas é necessário um mínimo de boa vontade dos atores do atual cenário político. Os candidatos a presidente da República precisarão colocar a cara e a consciência na jogada. É o momento de rigoroso apelo à pacificação nacional. Essa ação (essencialmente humanitária) independe de matiz ideológico. O clamor virá da direita, passará pela fictícia terceira via e desaguará na esquerda. É uma atitude pela paz.

A inércia terá consequências. Esses homens públicos correm o risco de entrar para história com a pecha de omissos e covardes. E aqui está em jogo uma verdade do marco civilizatório: o meu semelhante – com uma visão de mundo diferente – não é um cancro a ser extirpado. Adversário político jamais foi inimigo. Afinal, somos brasileiros e compartilhamos os mesmos valores, costumes e tradições. Estamos todos num mesmo precário barco. Mas ainda vale a pena sobreviver aqui. Urge, então, diminuir imediatamente a intensidade do risco Brasil.

PS: Dados da ONU 

O Brasil é o país com o maior número absoluto de homicídios no planeta. E mais: é o oitavo mais violento do mundo. A bomba, portanto, está armada.

Fernando Silva é jornalista e escreve sobre política em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

Exit mobile version