Uma operação policial, nesta quinta-feira (6), no morro do Jacarezinho, comunidade na Zona Norte do Rio de Janeiro, entrou para a história da capital fluminense. Ela se tornou a mais letal desde 19819. Até a última atualização da Polícia Civil, às 15h45, 25 pessoas haviam morrido baleadas, e a operação seguia em andamento.
Um dos mortos foi o policial civil André Leonardo de Mello Frias, da Delegacia de Combate à Drogas (Dcod). A Polícia Civil diz que os outros 24 assassinados são suspeitos de integrar o crime organizado. As identidades ou as circunstâncias em que foram mortos, ainda não foram reveladas.
A operação causou espanto e revolta. O sociólogo Daniel Hirata cobra uma resposta das autoridades quanto à operação que classifica como inaceitável. “Essa que foi a operação mais letal que consta na nossa base de dados, não tem como qualificar de outra maneira que não como uma operação desastrosa”.
Em nota, a Polícia Civil informou que a ação foi planejada, tem como alvo integrantes do crime organizado e foi comunicada ao Ministério Público. O MP ainda não se manifestou publicamente.
Desde junho de 2020, o Supremo Tribunal Federal (STF) suspendeu operações em favelas durante a pandemia. A decisão permite ações apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais” e com o aval do Ministério Público. “O MP não divulga essas justificativas, mas seria importante que isso fosse feito nesse momento para saber se essa decisão do STF foi obedecida ou não”, questionou Hirata.
A Defensoria Pública do Rio de Janeiro chegou a informar que está acompanhando os desdobramentos da operação.
“Neste momento, a instituição está no local, por meio de sua Ouvidoria e do Núcleo de Defesa dos Direitos Humanos, ouvindo os moradores e apurando as circunstâncias da operação, a fim de avaliar as medidas individuais e coletivas a serem adotadas. Desde já, manifestamos nosso pesar e solidariedade aos familiares de todas as vítimas de mais essa tragédia a acometer nosso estado”, diz a nota da Defensoria.