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Os porquês do retumbante fiasco do Orçamento Participativo de Marco Lage

Os porquês do retumbante fiasco do Orçamento Participativo de Marco Lage

Foto: Victor Eduardo/DeFato

A constatação prática do título é elementar. O padrão gerencial do Imperador de Ipoema facilita uma análise sobre a origem do fiasco. O governo Marco Lage padece de anemia crônica em qualidade. Faltam eficácia e eficiência no poder público municipal. A equipe “técnica” do sofista é frágil e desmilinguida. O fracasso, portanto, não seria diferente na implantação dessa importante política pública. O Orçamento Participativo (OP) canhestro naufragou no oceano do improviso, amadorismo e incompetência.

Um mergulho no passado demonstra facilmente que o modelo marquiniano é mais um metrô fora dos trilhos. O programa pioneiro foi implantado na Prefeitura de Porto Alegre, em 1989, na gestão Olívio Dutra (PT). A invenção institucional foi um sucesso. Tanto que, em pouco tempo, se transformou no carro-chefe de governos petistas Brasil afora.

Esse método de participação popular desembarcou em Itabira, em 1997. O prefeito Jackson Tavares (1997/2000) apresentou a novidade para a sociedade itabirana. E o povo daqui comprou a ideia. Um grande público comparecia às assembleias regionais. Nada a ver com os atuais gatos pingados. A era petista, porém, foi um evento efêmero na terra de Drummond. Tavares não conseguiu emplacar um segundo mandato. Perdeu nos acréscimos por irrisória diferença de 685 votos.

O sucessor — Ronaldo Magalhães (União) — viu mérito no Orçamento Participativo e decidiu aprimorar a prática. O então novo chefe do Executivo trocou o estilo regionalizado por intervenções em cada bairro e região rural. Foi uma radical transformação. E, mais uma vez, deu muito certo. O chamado “Governo Bairro a Bairro” foi um símbolo da primeira versão Magalhães. O eleitorado reconheceu a excelência da ação. O petebista deixou o poder com 86% de aprovação. E mais. Fez o sucessor e se elegeu deputado estadual, dois anos depois.

E agora — só para não perder o costume — apresento a singela pergunta que insiste não calar: por que o Orçamento Participativo do cidadão de Turim é um tremendo vexame? Alguns aspectos cruciais ajudam a diagnosticar as causas do fracasso. Confira:

1) O sofisma não encantou os moradores dos bairros de Itabira. O marketing do OP de Marco Lage é fajuto. E o mais importante. Cachorro mordido por cobra tem medo de linguiça. Como o povo vai acreditar nas promessas de obras desse OP? A Prefeitura não consegue nem tampar os míseros buracos das ruas da cidade.

2) O Orçamento Participativo marquiniano é fruto do mais puro improviso. Algum “gênio” resolveu ressuscitar o programa para tampar o sol das derrapadas administrativas com uma peneira. O governo Marco se especializou na arte de tirar coelhos da cartola. Só que, no final das contas, sempre salta uma lebre de dentro do chapéu do mágico.

3) O Programa é muito complexo. Não se trata de uma ação governamental para deslumbrados amadores. Normalmente — numa administração minimamente organizada — as estratégias do OP começam a ser desenhadas nos primeiros dias do mandato. Marco, porém, inverteu a ordem das coisas. Fez um arremedo de OP no apagar das luzes. Não funcionará. Como atrair o público, em circunstâncias tão adversas? Tenho uma singela sugestão. Nas próximas assembleias, distribuam chope, refrigerante, churrasco, algodão doce e pirulito. Tudo de graça. Vai dar um Ibope danado. Pode apostar.

Enfim: Marco Lage é um socialista bissexto. Nesse caso, deveria ter procurado o ex-prefeito Jackson Tavares para trocar uma ideia sobre o funcionamento do OP. O petista, muito provavelmente, daria o seguinte conselho ao Imperador de Ipoema: “Companheiro, não embarque numa canoa furada, nessa altura da viagem”.

PS1: E Marco Lage teve um mérito. Conseguiu botar fofoqueira para trabalhar. O tipo falava muito e produzia pouco. Mau exemplo de servidora pública. Agora, a moça ouve demais e conversa de menos. A “boca do inferno” encontrou uma boquinha. O céu agradece. Decifra-me ou te devoro. Obrigado pela inspiração, Gregório de Matos.

PS2: O prefeito tenta desarmar uma futura “culpa do governo anterior”. A “Duro na Queda” fez uma grande obra de “desburacamento” na rua Valdemar Alvarenga Lage. Agora, de novo, a pergunta que insiste não calar: o “complicadíssimo” problema só foi solucionado por uma empresa extraterrestre? Então, vamos combinar o seguinte: Itabira se transformou definitivamente na terra da piada pronta.

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