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Pais exigem o afastamento de professor acusado de assediar alunas em Itabira

Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Pais, responsáveis e estudantes da Escola Estadual José Ricardo Martins Fonseca, no bairro Chapada, em Itabira, promoveram uma manifestação na manhã desta sexta-feira (1º), exigindo o afastamento imediato de um professor suspeito de ter assediado pelo menos seis alunas do colégio. Com cartazes clamando por segurança e proteção às crianças, os integrantes do protesto também cobravam explicações por parte da direção da escola. Segundo alguns manifestantes, a diretora da Escola Estadual teria tentado “abafar o caso”, solicitando que os pais não expusessem a situação. 

Após a manifestação, em conversa com os pais no portão da escola, a vice-diretora da E.E.J.R.M.F afirmou que, após uma determinação da Superintendência Regional de Educação em Nova Era, na próxima segunda-feira (4), o homem estará afastado de suas funções até o processo ser concluído.

Os relatos de abuso às alunas começaram a surgir ainda em 2023, mas apesar das denúncias de assédio, o homem seguia dando aulas normalmente.  Segundo Jordana Madeira Dias, líder comunitária do bairro Boa Esperança, as mães dos alunos estavam preocupadas e revoltadas com toda a situação: “Elas não estão se sentindo seguras também pelo fato da diretora ter feito uma reunião aqui na escola e pedido para as mães não divulgarem o caso. Então mais uma vez a diretora acabou acobertando isso aí. Elas se sentiram coagidas com a situação e foi esse fato que levou a gente a estar fazendo a manifestação hoje”, afirmou.

Ao longo da tarde, a DeFato buscou contato telefônico com a diretora da escola (que não esteve presente na escola por estar participando de uma reunião gerencial em Nova Era), para que ela pudesse se manifestar sobre as acusações levantadas pela população, mas não obteve retorno. No início da noite, ela solicitou que os questionamentos fossem enviados à Superintendência Regional de Educação em Nova Era – o que já havia sido feito no início da tarde, sem retorno oficial.

Procurada pela reportagem durante a manifestação, a vice-diretora da escola se recusou a conceder entrevista sobre o caso e afirmou que “o que tinha de ser dito, já foi informado aos pais”. O espaço segue aberto para futuros posicionamentos. 

Foto: Guilherme Guerra/DeFato

Conselho Tutelar se pronuncia

Segundo o Conselho Tutelar de Itabira, tão logo a escola tomou conhecimento dos casos por parte das alunas, as denúncias foram enviadas para o Conselho e ao Ministério Público. Após receber as informações, o Conselho Tutelar foi até as residências das vítimas para conversar e orientar os pais, bem como ouvir os relatos das adolescentes. Seguindo o fluxo de atendimento à violência sexual do município, 14 garotas – entre vítimas e testemunhas – foram direcionadas à escuta especializada, que acontece com uma psicóloga do Hospital Carlos Chagas. A situação também foi reportada às autoridades policiais. 

“Nós também iniciamos um ciclo de palestras lá na escola para orientar não só aquelas que foram vítimas, mas para toda a comunidade estudantil, sobre o que fazer em situações de abuso sexual”, informou a conselheira tutelar, Mayra Amélia Assis Ferreira Portilho. 

Ainda segundo Mayra, o Conselho também recebeu diversas ligações de pais e mães manifestando indignação pelo fato do suspeito ainda estar lecionando na escola. Diante disso, o Conselho providenciou e encaminhou um ofício à Superintendência Regional de Educação em Nova Era, informando sobre o sentimento da comunidade e pedindo agilidade no processo administrativo que foi instaurado para apurar a situação: “Honestamente, eu acho que a escola fez o que estava ao seu alcance. A gente tem que entender, que às vezes, o diretor não tem competência para afastar um funcionário. Quando aconteceu, a diretoria levou o conhecimento das autoridades. Logo que chegou ao nosso conhecimento, passamos a procurar pelas famílias. É importante a gente lembrar que são 14 meninas, então, é muita gente para você procurar e orientar”, afirma. 

“Eu não enxergo que a escola foi omissa, eu acho que ela fez o que estava ao seu alcance naquele momento. E essa situação foi levada diante de um processo administrativo para a Secretaria Estadual, isso compete à Secretaria Estadual, não à diretoria da escola. A escola abriu as portas para que a gente fizesse uma roda de conversa com as meninas, onde foi muito produtivo e a nossa passagem por lá esclareceu muitas dúvidas. É importante a gente ter em mente que hoje em dia, a sociedade é muito afoita por soluções. Mas a gente tem sempre que lembrar que existem procedimentos adequados”, ressaltou a conselheira. 

Procurada pela reportagem, a Polícia Militar afirmou que não possui informações acerca das denúncias, mas informou que o caso está sendo investigado em sigilo pela Secretaria de Estado de Educação, Polícia Civil e Ministério Público. A redação da DeFato também formalizou pedidos de posicionamento à Polícia Civil e a Superintendência Regional de Ensino de Nova Era, que ainda não foram respondidos.

O espaço permanece aberto para envio de posicionamentos. 

 

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