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Pesquisa mostra que 71% dos brasileiros acreditam no hexa da seleção no Catar

Tite assina rescisão na CBF e não é mais técnico da seleção brasileira

Foto: Lucas Figueiredo/CBF

Ainda que exista um certo distanciamento do torcedor em relação à seleção brasileira, a paixão dos brasileiros pelo maior torneio de futebol do mundo continua trazendo otimismo para a população. Pesquisa realizada pela Apoema aponta que 71% deles acreditam que o Brasil ganhará o hexa na Copa do Mundo do Catar, no fim do ano – a competição vai começar dia 21 de novembro.

Em uma edição de Copa do Mundo fora de época, em novembro e dezembro, a ser realizada pela primeira vez no Oriente Médio, o estudo a que o Estadão teve acesso se aprofundou no que pensam os torcedores fanáticos pela seleção brasileira e pela maior competição de futebol do planeta. A Apoema é uma agência especializada em pesquisas humanizadas para grandes empresas.

Amor e ódio

De acordo com a pesquisa, 55% dos torcedores apaixonados pela seleção nunca foram ao estádio, mas sonham em acompanhar in loco uma Copa do Mundo. O levantamento expõe que, apesar de muitas vezes a torcida não sair de casa, os brasileiros são dedicados: estudam, analisam e debatem a respeito da seleção. Hoje, 62% desses torcedores apaixonados pelo Brasil afirmam que acompanham e sempre vão seguir a equipe nacional, em Copas, amistosos ou qualquer outra competição.

Os brasileiros têm uma íntima relação com a Copa do Mundo ao longo da história do futebol e por alguns fatores específicos, incluindo a popularidade que o futebol tem no País e o fato de a seleção ter sucesso no torneio do qual é a única pentacampeã. Por outro lado, chama a atenção que 48% dos torcedores relatam se sentirem distantes da equipe, basicamente formada por atletas que atuam na Europa.

Sinergia

Os pesquisadores ouviram mil torcedores ao longo de cinco meses. Foram quatro etapas, incluindo dados secundários, análise sócio-histórica, pesquisa quantitativa com 40 perguntas dispostas em questionários, e a qualitativa, estágio em que foram ouvidos 13 torcedores em diferentes cidades. Os pesquisadores foram às casas de algumas dessas pessoas e se aprofundaram nos questionamentos.

Nossa vontade era provocar esse resgate do torcedor com o País e com a Copa do Mundo”, explica a fundadora e head de conteúdo da Apoema, Julia Ades. “Foi legal entender qual o significado do ‘torcer’ para essas pessoas. Elas estabelecem uma conexão com a seleção e a torcida é uma forma de elas se sentirem conectadas com os jogadores, como se estivessem jogando junto”, diz.

O trabalho também inclui a produção de um minidocumentário, relatório com análise sócio-histórica, linha do tempo da Copa do Mundo, memórias de torcedores com fotos e vídeos, além de uma playlist no Spotify com músicas que se conectam ao Mundial. Um dos mil entrevistados foi o paulista Luiz Carvalho, conhecido como Vasco, nome do time para o qual torce. Ele tem uma forte conexão com a seleção e o esporte no Brasil como um todo, tanto que é um dos fundadores do Movimento Verde Amarelo, uma espécie de torcida organizada que vai a todos os jogos possíveis, não só os de futebol.

“A gente precisa falar mais da torcida brasileira. Sempre senti falta de algo mais profundo e o estudo foi bacana para entender efetivamente o que é essa torcida do Brasil”, opina Carvalho, confiante no título do Brasil no Catar, que, em sua visão, será um propulsor para reaproximar os brasileiros da equipe liderada por Tite – o treinador já avisou que deixa o cargo após a Copa do Mundo, independentemente do resultado da equipe.

“A reconexão da torcida com a seleção passa por diversos pontos, não é uma ação específica, mas se Brasil for campeão do mundo, vai dar um gás ímpar para essa reconexão”, acredita Vasco, cujo time está na Segunda Divisão.

Confraternizações em casa

Outro aspecto da pesquisa exibe a íntima relação da Copa do Mundo com o ambiente residencial: 91% dos brasileiros curtem assistir aos jogos no conforto do próprio lar, ao lado dos familiares e amigos, e 29% organizam a casa para deixá-la mais confortável para o evento. Nessa lógica, 42% dos entrevistados confirmaram que a relação com o futebol começou a ser construída a partir das vivências com seus familiares e 32% dizem que, no período de Copa do Mundo, gostam de se reunir e torcer em grupos com as famílias e os amigos.

“O ato de torcer, por si só, proporciona momentos ao lado de pessoas queridas, que ficam marcados na história de cada um. O evento carrega memória afetiva, tanto para quem já assistiu a vitórias e conquistas quanto para quem só ouviu falar delas, mas sonha em vivenciar essa experiência. É um respiro em meio ao caos do dia a dia”, explica Julia.

A torcida pela seleção brasileira também impacta diretamente os comportamentos de consumo: os jogos movimentam a venda de cervejas e eletrodomésticos, por exemplo, já que o evento está intimamente ligado às confraternizações. Neste ano, 24% dos torcedores pretendem comprar um novo aparelho de televisão para assistir melhor às partidas do torneio no Catar.

Quebra da rotina e de normas sociais

A organização do trabalho das pessoas também é impactada pela realização da Copa do Mundo. É um mês atípico nas empresas e escolas. É comum deixar os escritórios mais cedo para assistir aos confrontos do Mundial. Em dia de jogos do Brasil, muitas empresas nem trabalham em determinado período. Segundo o estudo, 30% dos torcedores gostam do evento justamente em razão dessa quebra da rotina.

O torcedor se permite descansar emocionalmente daquilo que o angustia. Nesse período, muitos dão uma pausa e param de pensar, por ora, em aspectos que causam sofrimento e preocupação. Os entrevistados afirmaram que o evento é uma oportunidade de se levar menos a sério e abrir espaço emocional para o lúdico se manifestar. “A Copa do Mundo desperta a criança que existe em nós, mas que, podada socialmente, perde seu empoderamento”, explica Julia.

A Copa também se apresenta como uma forma de quebra de regras sociais. O evento potencializa a ocupação da cidade e a “bagunça”. Festas, aglomerações, amigos na calçada, ruas lotadas e tantas outras agitações que acontecem fora de hora caracterizam o evento esportivo no Brasil.

*Conteúdo Estadão

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