O comando para a realização de ataques em diversas cidades de Minas Gerais partiu de uma facção criminosa que possui atuação nacional. A informação é do governador do estado, Fernando Pimentel (PT), que falou em coletiva de imprensa, após reunião com autoridades da área de segurança pública sobre o assunto. Até agora, 27 cidades foram atingidas. O governador estimou que cerca de 51 ônibus foram atacados.
Pimentel evitou responsabilizar uma facção específica e disse que as ações são uma resposta à política carcerária adotada em Minas. “Nós estamos pagando o preço dos nossos presídios, do sistema prisional ser mais rigoroso do que a média brasileira. Ou seja, cumprir a lei. Aqui, nós não afrouxamos o sistema carcerário para organização criminosa nenhuma. E, por conta disso, nós estamos pagando esse preço, sofrendo ameaças e sendo atacados. Não vamos transigir com nossa política carcerária. A política carcerária em Minas é uma política que cumpre rigorosamente a lei de execuções penais”, afirmou o governador.
O Banco Nacional de Monitoramento de Prisões (BNMP), do Conselho Nacional de Justiça, não tem informações sobre a população carcerária do estado. Minas Gerais e Rio Grande do Sul são os únicos estados que não repassaram dados ao CNJ. De acordo com o Levantamento Nacional de Informações Penitenciárias, do Departamento Penitenciário Nacional (Depen), em junho de 2016 havia 68.354 pessoas presas em Minas, superando em 87% a capacidade do sistema penitenciário estadual.
O governador ressaltou a dificuldade de evitar esses crimes, mas lembrou que já há uma investigação em curso e agentes à paisana circulando em ônibus de transporte público. Desde que os ataques começaram, 47 pessoas suspeitas de participação foram detidas, segundo informações da Secretaria de Segurança Pública de Minas Gerais. Pimentel disse esperar que, a partir dessa terça-feira, 5 de junho, os ataques comecem a arrefecer.
O secretário de Segurança Pública, Sérgio Barboza Menezes, acrescentou que a transferência de presos para outras penitenciárias está sendo estudada.
Os ataques começaram no último domingo (3). Inicialmente, a Diretoria de Inteligência da PM não confirmou as suspeitas de que os ataques teriam ligação com membros de facções criminosas.
A expansão das facções pelo Brasil tem gerado conflitos em outros estados, como no Ceará, onde conflitos entre os grupos Guardiões do Estado (GDE) e Comando Vermelho culminaram em chacinas dentro e fora dos presídios.