Um homem, de 25 anos, foi preso pela Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG), nesta quarta-feira (24), em Belo Horizonte, por suspeita de se passar por mulher em aplicativo de relacionamento para cometer crimes contra outros homens.
Segundo a PCMG, o suspeito, de nome Matheus de Souza Ornelas, teria jogado óleo quente em uma das vítimas, um homem de 22 anos, no dia 30 de outubro. Segundo a Polícia, o crime pode ter sido uma emboscada premeditada. A vítima está internada em estado grave, na capital, com queimaduras pelo corpo.
Informações preliminares dão conta de que a vítima teve queimaduras de segundo grau na face, no pescoço, no ombro, no peito e nas mãos, com grande risco de infecção, sendo necessário enfaixá-la da cintura até o topo da cabeça. Além disso, o homem está sendo tratado com morfina e sedações.
O suspeito foi preso em flagrante no último domingo (21), depois de ameaçar e constranger familiares da vítima. O homem tentou acessar a unidade hospitalar onde a vítima segue sob observação. No mesmo dia, ele já havia danificado e pichado o veículo e o portão da casa da vítima.
Apreensão
Além da prisão, a Polícia Civil cumpriu também mandados de busca e apreensão e recolheu celulares que podem ter sido utilizados pelo suspeito para cometer os crimes. Os celulares vão para perícia.
A Polícia Civil informou que Matheus está sendo investigado por tentativa de homicídio, danos qualificados, ameaças e coações a testemunhas e à vítima durante o processo.
Outra possível vítima do mesmo suspeito foi identificada pela PCMG, mas essa não chegou a sofrer lesões. Este homem narrou fatos semelhantes aos apresentados pelo homem de 22 anos, internado devido às queimaduras.
Investigações
A PCMG apurou que Matheus criou perfil falso no aplicativo, utilizando a foto de uma mulher atraente, com o objetivo de chamar a atenção de homens para um possível relacionamento homossexual. A vítima de 22 anos passou a se relacionar com o suspeito sem desconfiar da dissimulação e trocaram contato durante aproximadamente três meses.
De acordo com o delegado responsável pelo caso, José Olegário de Oliveira, a vítima, que foi ouvida remotamente da unidade hospitalar, disse que teria achado suspeito a suposta mulher não conversar por áudio ou vídeo, mas ela alegava que vinha de uma família muito rígida, que a monitorava constantemente. “É a partir daí que o suspeito, ainda utilizando o perfil falso, ‘apresenta’ ele mesmo como alguém que poderia servir de intermediário para que a vítima conseguisse um encontro com a suposta mulher”, revela o delegado.
Passado o tempo, a vítima passou a ter confiança no suspeito, que, contudo, estaria sentindo que ela pudesse desconfiar de algo. Assim, no dia do crime, o investigado ligou para a vítima e pediu ajuda para uma mudança na residência dele, localizada no bairro Trevo, região da Pampulha.
Ao chegar ao prédio do suspeito, a vítima contou aos policiais que encontrou a porta aberta e seguiu para o apartamento dele. Quando entrou, Matheus trancou a porta. Depois de trocar algumas palavras com a vítima, que pergunta pela mulher, os dois se desentendem.
Matheus, que não se sentiu correspondido, pega uma jarra de óleo fervente e a joga contra o rosto do homem, atingindo também outras partes de seu corpo.
Divergências nas histórias
“Nesse ponto, os relatos divergem, porque o suspeito alega que já teria uma panela, não uma jarra, com óleo fervendo na cozinha, e a vítima teria tentado pegá-la para agredi-lo e acabou se queimando quando o investigado tentou contê-la”, afirma Olegário. “Contudo, avaliamos que se trata de uma tentativa de dissimular um ato premeditado, uma vez que o suspeito não apresentou nenhuma queimadura e as evidências periciais são claras em apontar um despejo direcionado do líquido fervente”, completa o delegado.
Depois, mesmo com as queimaduras, a vítima relata que conseguiu imobilizar o suspeito e tomar a chave do apartamento. Depois, ela segue pelo corredor do prédio até encontrar um vizinho e pedir por socorro da polícia. Matheus fugiu antes da chegada dos policiais militares que atenderam a ocorrência.