O Brasil importa fertilizantes da Bolívia via interco Trading, uma startup do setor de commodities que atua na importação de derivados de petróleo. A empresa começou a trazer, por meio de caminhões, ureia, cloreto de potássio e boro, do país vizinho no fim de julho. A meta é importar cerca de quatro a cinco mil toneladas desse fertilizante ao mês.
Os caminhões entram no Brasil pela cidade de Corumbá (MS), onde a empresa tem um terminal privado na região no qual armazena o fertilizante para facilitar o comércio diretamente com os produtores de Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e Goiás. O investimento para o início das operações foi de R$ 3 milhões.
Marcos Ferraz, diretor de commodities da Interco Trading, disse que o objetivo é formar uma careira pulverizada de clientes, focado no mercado do Centro-Oeste brasileiro, para suprir a demanda de adubos na região.
Ferraz também afirma que o Brasil está longe da autossuficiência na produção de fertilizantes, o que abre espaço para a importação, além de ter se tornado um item de diversificação dos negócios da companhia, com foco no gás liquefeito de petróleo, o gás de cozinha. A empresa iniciou as operações em 2022 e já importou mais de 32,5 toneladas do produto. A meta é dobrar o volume em 2023.
Nicholas Taylor, diretor executivo da empresa, traz mais detalhes sobre o trabalho realizado pela startup e sua parceria com o Brasil. ” Nossa expertise em importação e logística multimodal nos dá know-how para iniciar as operações com esses insumos para o Brasil. Como o agronegócio tem uma grande dependência externa desses macros e micronutrientes, alinhamos nossa estratégia para oferecer aos clientes deste segmento uma alternativa de suprimento confiável. Estamos atentos às oscilações no mercado externo para garantir que a originação do produto seja feita no momento mais favorável e assim oferecer uma entrega com condições competitivas”.
A Bolívia exportou ao Brasil, em 2022, 383 mil toneladas de ureia granulada, um aumento de 531% em relação ao ano anterior.segundo o Ministério das Relações Exteriores boliviano. Essas exportações renderam ao pais vizinho US$ 193 milhões. A Argentina é o principal comprador da Bolívia do produto, com 45% da demanda, seguido do Brasil, com 42% das vendas externas. Os produtos são fabricados, principalmente, no departamento de Cochabamba.
O Brasil importou da Bolívia no ano passado, 151 mil toneladas de fertilizantes nitrogenados, 36,3 mil toneladas de adubos à base de potássio e 7,6 mil toneladas de produtos contendo um ou mais ingredientes. Os negócios movimentaram US$ 114,8 milhões, segundo informações do Comex Stat, sistema de consulta de comércio exterior do Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços.