Há algum tempo, Cruzeiro e Atlético vivem realidades bastante diferentes. Enquanto o Galo viveu alguns dos melhores anos da sua história, com títulos e contratações de grandes estrelas, o Cruzeiro chegou ao famigerado fundo do poço e só foi salvo pela SAF do Ronaldo e a força da sua torcida.
Porém, os dois rivais parecem mais próximos do que nunca em 2023. A começar pela tabela. Dono do terceiro elenco mais rico do país, segundo levantamento feito pelo site Transfermarkt em abril, o Galo está duas posições abaixo da Raposa, hoje 10ª colocada do Brasileirão. O Internacional, que acaba de demitir Mano Menezes, se coloca entre a dupla mineira, na 11ª colocação.
Em campo, enquanto os cruzeirenses chegam até a se surpreender com o desempenho (mesmo que instável) do time, os atleticanos se assustam. Se sob o comando de Eduardo Coudet o futebol jogado já não era lá tão confiável, com Felipão ele só piora. É impressionante como o Atlético regride a cada nova partida, mesmo com o experiente treinador tendo tempo para treinamentos.
Também é importante salientar que o único clássico disputado até aqui pelos dois times no Brasileirão não teve, nem de perto, uma superioridade atleticana. Hulk, acima da média entre todos os atletas do país, contou com a ajuda de Rafael Cabral para decidir um jogo dominado pelo Cruzeiro no segundo tempo. Everson e as evidentes limitações do clube celeste, no entanto, impediram qualquer chance de reação.
Porém, mesmo diante de todos esses fatores, as mesas redondas país afora seguem atribuindo pretensões distintas aos dois times. O Cruzeiro como um dos candidatos ao rebaixamento e o Atlético um dos cotados à classificação para a Libertadores. Mas por quê?
Vamos aos fatos. Ser o terceiro mais valioso do país não faz do elenco atleticano um sinônimo de força e qualidade como nos acostumamos, somente evidencia o péssimo trabalho da diretoria. O grupo possui inúmeras falhas e conta com apenas dois atletas extraclasse: Hulk e Guilherme Arana. Allan também era um deles, mas agora veste a camisa do Flamengo.
Ainda não podemos deixar de fora a atual bagunça administrativa do clube. O Atlético vive uma verdadeira briga de egos, cuja única finalidade é lucrar o máximo possível com o clube e tudo que ele oferece, do CT à nova arena. A dívida, bilionária, só cresce e notícias sobre atrasos de salários já não são tão raras. Há anos gastando mais do que possui, o Galo agora arca com sua própria irresponsabilidade. Mas os famosos 4 Rs (Rubens Menin, Ricardo Guimarães, Renato Salvador e Rafael Menin) seguem incontestáveis para muita gente e agora surgem até como salvadores de um desastre criado por eles mesmos.
Para piorar, voltando ao campo, Grêmio, Flamengo e São Paulo serão os adversários nos próximos três jogos. Por isso, não seria nada absurdo imaginar uma vitória apenas no último jogo do primeiro turno, contra o Bahia, em casa. Assim como não seria absurdo imaginar o Atlético brigando para não cair. Está claro como não faltam elementos para isso.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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