Entramos no mês de setembro, e como todo ano, temos como uma das pautas a discussão sobre como lidar com a questão do suicídio – dia 10 de setembro é o Dia Mundial da Prevenção do Suicídio. A cor amarela faz referência ao jovem Mike Emme, que era conhecido por sua habilidade com a mecânica, havendo restaurado um carro antigo e o pintado de amarelo. Apesar de ter uma personalidade carinhosa e de ser querido por muitos, ele comete suicídio em 1994, aos 17 anos.
De 1994 até os dias de hoje, muito foi feito a respeito do tema. Atualmente, um pouco do tabu de conversar sobre a morte foi quebrado, mas ainda há muito a se avançar. A morte ainda não é um assunto confortável de ser discutido, a ponto de ser tópico de um almoço de família em um domingo. No Brasil, temos várias ações de prevenção, como por exemplo o Centro de Valorização a Vida (CVV – Contato pelo telefone 188 ou pelo chat do site “cvv.org.br”). São práticas que acolhem milhares de pessoas por ano.
Dizer da morte é sempre dizer de um paradoxo. A princípio parece estranho: se eu falar muito sobre a morte, posso acabar estimulando o ato, e não evitando que ele aconteça. Não seria melhor não conversar sobre isso, fugir do assunto? No entanto, é sim relevante que o assunto seja discutido. Contudo, ele deve ser feito com a devida sensibilidade e atenção. Por isso é importante que a busca por profissionais especializados seja realizada.
Se não é possível falar sobre o tema, quem está angustiado pode pensar que seu sofrimento é pouca coisa, que não tem valor. E é justamente o contrário: são sentimentos importantes que devem ser abordados em um ambiente propício. Mas, se falar sobre o assunto é proibido, quem procurar? O que fazer? A solução encontrada muitas vezes é sofrer de maneira solitária, remoer sozinho toda a aflição.
As pautas do setembro amarelo existem para mostrar que é possível conversar sobre isso. Por mais que pareça difícil, há sim ações que podem ser tomadas para evitar atitudes extremas. O setembro amarelo vem vislumbrar que apesar de toda a dificuldade, podemos encontrar saídas para o que parece sem soluções. Um ser humano é capaz de fazer muitas coisas. Mas se formos fazer uma aposta no que uma pessoa é capaz de realizar, apostamos sempre na dimensão da vida.
Arthur Kelles Andrade é psicólogo, mestrando em Estudos Psicanalíticos
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