Símbolo do estado, o queijo não escapou da alta dos preços no Brasil. A reportagem da DeFato passou por quatro supermercados de Itabira para checar quanto está custando o item quase obrigatório na mesa do mineiro. Os valores assustam.
Em alguns casos, o preço do quilo do queijo ultrapassa o equivalente ao mesmo peso de carnes nobres, como picanha e alcatra. O queijo muçarela também está custando bastante ao bolso do itabirano.
Um dos estabelecimentos comerciais visitados pela reportagem está localizado na Esplanada da Estação. Lá, a média do preço do quilo queijo está em pouco mais de R$ 58,00. O preço mais barato do alimento no local, um queijo artesanal de R$ 47,90, é apenas um real mais barato que o quilo da alcatra, avaliada em R$ 48,90. O quilo da muçarela está ainda mais caro: R$ 59,90.
Em um tradicional supermercado de Itabira, os valores assustam ainda mais. Uma das marcas do item alimentício chega a custar R$ 73,90 o quilo. O valor mais barato, no mesmo estabelecimento, também se refere a um queijo artesanal, avaliado em R$ 52,90. Todos os tipos de queijos à venda no local estão mais caros que o quilo da picanha (R$ 47,90) e da alcatra (R$ 48,90).
Outro supermercado da região central apresenta o quilo do queijo mais barato encontrado pela reportagem: um Queijo Minas Padrão avaliado em R$ 34,15. Por outro lado, dois diferentes tipos de queijo de uma tradicional marca do ramo custavam R$ 57,90 até esta terça-feira (26). Mas, ao contrário de outros estabelecimentos pesquisados, o quilo de algumas carnes está muito mais alto. O preço do quilo da picanha varia entre R$ 97,00 e aproximadamente R$ 120,00.
Nada escapa
À DeFato, Maria de Fátima afirma que os altos valores impossibilitam a presença do queijo em todas as compras realizadas por ela. A itabirana também reclama do preço de outros produtos.
“Está tudo caro, né. Não só o queijo, mas outras coisas também, como o leite, o café também subiu muito. Não é toda vez que eu compro, pois a compra está ficando muito cara”, explica.
Há também quem se veja obrigado a trocar de marca para adequar o consumo ao seu orçamento. É o caso de Miriam, que sempre faz questão de ter o alimento em sua mesa.
“Antes eu comprava o queijo de apenas uma marca, que eu gostava, mas agora estou comprando queijo fresco, porque é quase a metade do preço. Então para continuarmos comendo queijo, porque o mineiro gosta mesmo, tem que entrar no orçamento. Porque um queijo que ‘mal mal’ dá pra alguns dias custando mais de R$ 50, não tem como a gente manter.”
Impacto profissional
Alice de Assis, também conhecida como “Lilica”, empreende na área dos bolos e doces há oito anos. Para ela, toda e qualquer mudança nos valores dos derivados do leite, como o queijo, faz muita diferença.
“Quase todos os produtos que produzimos na confeitaria utilizam leite de diversas categorias, leite de coco, creme de leite, leite em pó, leite condensado e também o leite integral. O aumento abusivo desses produtos gera desconforto imediato às micro e pequenas empresas do ramo”, explica a empresária.
A itabirana ainda comenta sobre uma estratégia de mercado que tende a aumentar as dificuldades neste cenário.
“Um fato importante a se observar é a estratégia das grandes marcas que produzem os derivados do leite, de enganar os clientes com alto custo e baixa qualidade. Antes usávamos o leite integral em 8% de gordura. A qualidade foi diminuída, colocando o leite condensado semidesnatado e diminuindo a porcentagem de gordura. A mistura láctea condensada com soro de leite, sendo vendida na mesma caixinha com a mesma marca, pode confundir facilmente quem não tem o costume de ler e acabar comprando o artigo variado sem perceber. Essa confusão aumenta o desafio dos empreendedores neste ramo.”
Quem trabalha com a venda direta de queijos também sente o impacto. É o caso de João Garcia. Na profissão há mais de três anos, ele relata que o grande aumento dos preços cria instabilidade em sua atividade.
“Sim, faz muita diferença, pois isso cria altos e baixos nas vendas. Apesar disso, vendo muito bem, pois meu queijo vem direto da fazenda. Tenho uma clientela muito boa, a demanda é maior que a produção no meu caso, e o valor é bem acessível”, diz ele.
Como alguém responsável por levar o alimento à mesa dos itabiranos, ele afirma que as cifras atuais fizeram com que o consumo de queijo diminuísse. “Muitos deixaram de comer por este motivo, pois tem outros compromissos financeiros e a renda encolheu”, finaliza.