Com o novo patrocínio de R$1,5 milhão ao Valeriodoce Esporte Clube, aprovado na Câmara Municipal nesta terça-feira (18), a Prefeitura de Itabira alcançou a marca de R$3,9 milhões empenhados ao clube, que reativou suas atividades profissionais em 2022. Apesar de ter votado favorável ao repasse ao Valério, o vereador da base governista, Carlos Henrique de Oliveira (PDT), fez questão de refletir sobre os constantes repasses da Prefeitura de Itabira ao clube, a ausência de patrocinadores fortes e a dificuldade do time itabirano em gerar suas próprias receitas.
Em 2022, a gestão municipal deu um aporte de R$300 mil ao Valério, quantia que foi considerada importante, mas não suficiente para cobrir todas as despesas do time itabirano na última divisão do Mineiro. No ano seguinte, R$800 mil foram destinados após uma série de discussões, pedido de vista, reunião às portas fechadas e sessão extraordinária na Câmara de Vereadores. O valor também era insuficiente para custear a participação do clube, que conseguiu o tão sonhado acesso ao Módulo II.
Já em 2024, no retorno do Dragão à segunda divisão do estadual, foram investidos mais R$1,3 milhão pela Prefeitura de Itabira. O patrocínio também não custeava todos os gastos do clube e só foi liberado após muita briga, entraves, manifestações e acordos na Câmara de Itabira.
Em sua fala, Carlos Henrique frisou sobre a necessidade do clube em vender a Sociedade Anônima de Futebol (SAF) para um empresário ou grupo de investidores – alternativa considerada como uma possível solução aos problemas financeiros da entidade.
“O Valério é um patrimônio de Itabira, precisa subir para a elite do futebol mineiro, mas o Valério também precisa de aderir logo à SAF, para que possa caminhar com as próprias pernas. Não podemos ficar aqui também o resto da vida fazendo aporte pro Valério”, disse o vereador, afirmando também que a Câmara discute sobre a diversificação econômica da nossa cidade e que o Valério pode ser uma porta para este caminho, “mas com o fim da extração mineral, pode ser que Itabira não consiga mais fazer o aporte”.
“É interessante que a diretoria do Valério se atente logo e que faça [a venda] da Sociedade Anônima de Futebol, para que o Valério possa caminhar com as próprias pernas e possa colocar Itabira novamente na vitrine do futebol mineiro”. Foto: Guilherme Guerra/DeFato.
Estatuto do clube permite venda de 90% da SAF do Valério
Sócios e conselheiros do Valeriodoce Esporte Clube aprovaram, em uma assembleia geral extraordinária realizada em janeiro, a alteração do estatuto do clube para que seja possível vender 90% da Sociedade Anônima de Futebol (SAF) do clube a um possível comprador.
Na assembleia, o presidente João Mário de Brito afirmou que já existem tratativas para a chegada de um investidor disposto a assumir o controle do futebol do clube itabirano. No entanto, o dirigente não divulgou o nome do interessado, se limitando a dizer que o possível dono é um brasileiro residente (e proprietário de negócios) nos Estados Unidos, que esteve/está envolvido com SAF’s em outros clubes.
De acordo com o presidente, no momento não é possível mencionar os valores relacionados à venda da SAF, pois o processo de “valuation” exige uma série de etapas e avaliações. Nas expectativas mais positivas, todo o processo burocrático para discussão e finalização da venda pode demorar pelo menos quatro meses – após a assinatura da proposta vinculante. Ainda segundo o presidente valeriano, a dívida do clube (entre processos fiscais, trabalhistas e afins) está estimada em pelo menos R$6,3 milhões de reais.
Itabirano Pedro Fortunato quer reunir empresários para comprar o Valério
Na mesma noite em que foi feita a alteração do estatuto do clube, o itabirano Pedro Fortunato confirmou com exclusividade à DeFato que iria se reunir com outros empresários para discutir a possibilidade de compra de 90% do controle da SAF valeriana.
“Sozinho eu não tenho como assumir este compromisso com o Valério, até porque se eu pegasse, eu queria realmente fazer o clube muito forte. Mas eu acho que eu posso tentar buscar empresas de Itabira para montar um consórcio e fazer uma proposta ao Valério. Mas eu já deixo claro: sozinho eu não tenho a menor condição”, revelou.
Pedro Fortunato dos Santos, proprietário da Coma Bem Refeições Coletivas e do Restaurante Varanda, também informou que no passado já havia procurado o time para elaborar uma parceria junto a uma outra empresa, buscando participar do futebol e melhorar a estrutura do clube. No entanto, as conversas – que não giravam em torno da aquisição da SAF – não progrediram.
“Confesso para você que vou fazer umas ligações, é o que posso te adiantar”, brincou Pedro. Anteriormente, durante a assembleia, o empresário itabirano questionou o presidente do clube, João Mário de Brito, sobre como funcionaria o envio de uma proposta de um possível interessado na aquisição da SAF. Na entrevista à DeFato, Pedro Fortunato disse que é necessário uma mistura de profissionalismo e amor, citando como exemplo a venda da SAF do Cruzeiro Esporte Clube, feita por Ronaldo Fenômeno a Pedro Lourenço (cruzeirense dono do Supermercados BH).
“O Cruzeiro do Ronaldo não tinha grandes objetivos de resultado de futebol. O Pedrinho assumiu essa SAF pensando em custos e responsabilidade com o negócio, mas colocou o coração. Você vê que hoje, as perspectivas são outras. Se a gente conseguir um grupo de empresários, acho que pode ser uma boa para a instituição Valério”, finalizou.