Bruno Fuchs, zagueiro de ofício, recebe pela esquerda. Isolado e cercado por cruzeirenses, ele encontra uma solução improvável após a sobra de um escanteio. Dribla Marlon, passa por Lucas Romero com facilidade e conta com a colaboração de Rafael Cabral para abrir o placar no clássico do último sábado (30). Um lance que resume a apatia cruzeirense no primeiro tempo.
Nos primeiros 45 minutos da primeira partida das finais do Mineiro, somente um time correu, intimidou, catimbau, jogou e, acima de tudo, viveu o clássico. Escalado em um promissor 3-5-2, o Atlético mostrou reportório e intensidade para massacrar o adversário. Tinha jogo pelo meio, potencializando a principal virtude do time, a dupla Hulk e Paulinho, e também pelos lados, especialmente o esquerdo. De volta à boa forma, Guilherme Arana fez uma partidaça, com duas assistências.
Por isso foi curioso notar que o clássico que prometia mais equilíbrio entre os times nos últimos anos foi marcado por uma superioridade impressionante na primeira etapa. Muito devido a escolhas táticas questionáveis de Larcamón, mas, sobretudo, uma apatia inaceitável da Raposa.
O Cruzeiro não parecia ter ciência do tamanho do jogo, talvez um pouco deslumbrado pelas vitórias recentes na Arena MRV. Mas deveria saber que do outro lado haveria um rival babando para encerrar esse pequeno, mas incômodo, tabu. Faltou seriedade.
Mas aí voltamos ao título deste texto. Na chance mais clara de matar o jogo e encaminhar o título, Paulinho demonstrou muita displicência frente a frente com Rafael Cabral e chutou para fora. Mais uma vez, o atacante atleticano, dono de talento inquestionável, desperdiça uma oportunidade que não se pode desperdiçar. Novamente, faltou seriedade.
Resultado: por milagre, o Cruzeiro foi ao intervalo perdendo “apenas” por 2 a 0 e sonhando com uma reação, que aconteceu. Na segunda etapa, Zé Ivaldo entrou para dar a segurança e o espírito necessários ao time de Larcamón, a Raposa ficou mais com a bola, impôs seu ritmo e contou com a ajuda da zaga atleticana para diminuir.
A partir dali, o empate parecia questão de tempo. Marlon e Arthur Gomes saíram cara a cara com Everson e finalizaram mal as jogadas, Dinenno cabeceou torto, Matheus Pereira chutou rente ao travessão… e o Atlético se agarrando ao 2 a 1.
Até que João Marcelo recebeu pela direita e, como um legítimo lateral, cruzou na cabeça de Juan Dinenno. Um 2 a 2 que parecia impossível na primeira etapa e se tornou natural diante do que foi visto no segundo tempo.
No frigir dos ovos, o resultado deixa o Cruzeiro gigante para o próximo domingo e obriga o Atlético a se remontar psicologicamente para erguer mais uma taça. Consequências de um jogo que deixa lições para ambos: é preciso ter seriedade em um clássico deste tamanho.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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