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Problema do Atlético não é individual, mas sistêmico

Atlético

Foto: Atlético/Twitter

Agora é oficial: o Atlético está em crise. Após perder seguidas chances de reassumir a liderança do Brasileirão, o clube chegou à marca de quatro jogos consecutivos sem vitória. Para piorar, o desempenho parece cair a cada partida, atingindo o seu “auge” no jogo de ontem (03), contra o Palmeiras.

Cada tropeço tem a sua história, mas algumas falhas são recorrentes. A falta de eficiência do ataque, por exemplo, é um problema que ocorre desde o Campeonato Mineiro. Apesar dos números serem bons (segundo melhor ataque do Brasileirão, com 31 gols), quem assiste aos jogos do Atlético sabe como a equipe perde muitas chances.

Não bastasse isso, o sistema defensivo também tem falhado muito. A principal marca do Galo, assim como em qualquer equipe treinada por Sampaoli, é tentar recuperar a bola assim que a perde, o chamado “perde-pressiona”. No entanto, quando o adversário consegue superar esta primeira marcação, a defesa fica completamente exposta.

O técnico argentino deve encontrar outras alternativas para se defender. Caso não consiga roubar a bola rapidamente, talvez seja o momento de recuar as linhas e esperar os outros setores (meio campo e ataque) se recomporem para voltar a agredir. Executar mal essa pressão pós-perda cria um efeito dominó que culmina, quase sempre, em chance de gol pro rival.

Foi assim na tarde/noite de ontem. Contra uma equipe com jogadores extremamente velozes, a linha alta atleticana ofereceu infinitos espaços ao Palmeiras. Este é um problema sistêmico cujo único culpado é Jorge Sampaoli. Dentro do alto nível que é o futebol hoje, uma equipe mal posicionada será machucada mesmo que conte com bons nomes.

Até por isso não faz sentido essa alta exigência por reforços por parte do técnico e alguns torcedores. O grupo do Atlético possui lacunas? Claro, assim como qualquer outra equipe do Campeonato Brasileiro. Porém, mesmo em situação financeira delicada e durante um período de pandemia, a diretoria não deixou de fazer altos investimentos para atender os desejos do argentino.

Alguns dos reforços são jogadores cobiçados em todo o continente, como Arana, Junior Alonso e o recém-chegado Zaracho. Quem pode se dar ao luxo de contratar atletas deste nível em 2020? Quase ninguém. Talvez o questionamento deva ser outro: o Atlético gastou mal? Se a resposta é sim, a responsabilidade é de quem cobra (o técnico) e quem acata (diretoria).

Tenho a convicção de que o elenco é bom o bastante para disputar o caneco, como vem acontecendo. Não custa lembrar que o alvinegro está a apenas três pontos do líder com um jogo a menos. Mas, para acabar com a seca que já dura 49 anos, será preciso botar os pés no chão, olhar para o que acontece dentro de campo e não jogar todo peso para atletas específicos.

Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.

O conteúdo expresso é de total responsabilidade do colunista e não representa a opinião da DeFato.

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