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Processo seletivo volta a atrair centenas em Itabira e alimenta debate sobre exigências e qualificação

Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios – Contínua (Pnad Contínua) divulgados nessa terça-feira (19), pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), aponta que a taxa de desemprego no Brasil sofreu leve recuo no terceiro trimestre de 2019. O mesmo estudo, no entanto, chamou atenção para um dado preocupante: cerca de 3,2 milhões de pessoas estão à procura de emprego há dois anos ou mais no país, exatos 25% do número total dos que estão sem qualquer ocupação formal. A informação, segundo especialistas, joga luz em um impasse antigo e ainda distante de ser superado no Brasil: a distância entre o que as empresas exigem e a qualificação dos candidatos.

Processo seletivo

Um processo seletivo realizado na manhã desta quarta-feira (20), em Itabira, exemplificou bem o cenário retratado nacionalmente. Uma empresa de consultoria recruta candidatos para vários cargos em empresas diversas da cidade. Quase 200 pessoas compareceram à sede do Senac, onde ocorreram as entrevistas e os demais procedimentos iniciais. Grande parte dessas vagas já havia atraído centenas de postulantes na semana passada, mas a maioria não foi preenchida.

Fernanda Santos Freitas, 29, é advogada e está cursando a segunda graduação, em Administração. Ela tem a esperança de se recolocar no mercado de trabalho e viu no processo seletivo essa oportunidade. Desempregada há mais de um ano, a moradora de Santa Maria de Itabira veio até a sede do Senac Itabira para se candidatar a uma das vaga divulgadas, mesmo que sejam diferentes da sua área de formação. “A maioria das vezes me dizem que o meu currículo está além das exigências da vaga e por isso não podem me contratar. Em alguns momentos falam que não tenho experiência na área desejada e me dispensam. Hoje moro com os meus avós, mas tenho total disponibilidade para trabalhar aqui”, conta a profissional.

Fernanda e Ana Letícia buscam uma oportunidade de emprego

Ana Letícia Figueiredo, 20 anos, está desempregada há sete meses e acredita que a falta de experiência prejudica na hora de passar na seleção. “As empresas estão pedindo mais de seis meses de experiência, só que preciso de uma oportunidade”, desabafa a jovem, que já trabalhou de babá e em um escritório de contabilidade, em vaga temporária. Ana Letícia mora com o pai e mais quatro familiares no bairro Juca Batista, em Itabira. Ela conta que apenas o pai trabalha e que a situação está ficando difícil.

Dificuldades

Conforme o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged), mais de 8 mil pessoas foram admitidas em novos empregos em Itabira entre janeiro e setembro de 2019. Em contrapartida, segundo os dados, cerca de 6,8 mil trabalhadores foram demitidos no mesmo período, gerando saldo positivo de mais de 1,2 mil novos postos de trabalho. Porém, apesar do cenário favorável para a empregabilidade no município, ainda é frequente entre itabiranos a reclamação de que está difícil encontrar um trabalho.

Camila Andrade é moradora do bairro Fênix, onde vive com o marido e o filho. Ela faz parte do quadro de desempregados da cidade e sente a necessidade de que os trabalhadores locais tenham mais oportunidade. “Uma situação que tenho visto sempre são empresas contratando mão de obra externa, de pessoas de fora de Itabira. Tem que ter oportunidade para os pais de família daqui e precisamos de uma oportunidade para abrir o nosso caminho”, disse a mulher, que buscava uma vaga de auxiliar administrativo.

Camila faz parte do quadro de desempregados da cidade e sente a necessidade de que os trabalhadores locais tenham mais oportunidade

Perfil não atendido

Para Lauriane Soares, responsável pelo processo seletivo no qual Fernanda, Ana Letícia e Camila estão participando, a maior dificuldade das empresas atualmente é preencher as vagas disponíveis. A maioria dos candidatos, segundo ela, não atendem ao perfil profissional exigidos pelas contratantes. A especialista ainda faz um alerta especial para com relação à postura nas redes sociais. Ela deixa claro que muitos candidatos são desclassificados por determinadas atitudes em plataformas online, como disseminação de ódio em comentários, erros gramaticais, entre outros apontamentos.

“Além de avaliarmos as redes sociais, observamos a apresentação do candidato de acordo com o perfil da vaga. Prestamos atenção na desenvoltura, nas habilidades e no comportamento tanto presencial quanto virtual”, afirma a recrutadora.

 

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