Ambientalistas reuniram-se na segunda-feira (8) na Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG) para discutir a importância do Parque Nacional da Serra do Gandarela. Localizado entre Nova Lima e Rio Acima, na Região Metropolitana de Belo Horizonte, o parque tem uma importância para o abastecimento da capital e está vulnerável a projetos de mineração, como o controverso Projeto Apolo da Vale.
A falta de um plano de manejo definitivo após uma década de sua criação foi uma preocupação levantada durante a audiência pública solicitada pela deputada Bella Gonçalves (PSOL). A área, que não possui regularização fundiária completa e enfrenta demandas por maior presença de servidores, está ameaçada pelo Projeto Apolo da Vale, que planeja uma larga exploração minerária no local.
No entanto, a doutora em Ecologia, Conservação e Manejo da Vida Silvestre pela UFMG, Gisela Herrmann, relembrou o sistema de unidades de conservação que pode proporcionar fundos para a preservação do parque. “Quero ver recursos direcionados para o Gandarela, porque eles existem”, cobrou.
Especialistas enfatizaram que a preservação do Gandarela é essencial não apenas para a manutenção da qualidade da água consumida pela população, mas também para a conservação de um ambiente com características únicas no mundo, onde as águas subterrâneas desempenham papel crucial como reservas técnicas de água.
“Vale saber que tudo o que nós seres humanos vemos de água na superfície, o que há embaixo é 40 vezes maior”, disse o geólogo Paulo César Rodrigues, acrescentando que o Gandarela contribui também com a recarga da bacia do Rio Paraopeba
A Serra do Gandarela sustenta significativa parte dos mananciais que abastecem a capital e seu entorno. Com um ecossistema único, composto por formações vegetais raras associadas a rochas ferruginosas, o Gandarela também é crucial para a recarga de aquíferos subterrâneos, fundamentais para a região.
O projeto
O licenciamento do projeto teve início em 2009 e, 15 anos depois, o governo Zema demonstrou interesse em conceder uma licença prévia para sua execução.
A mina do projeto Apolo teria uma cava de 7 quilômetros que rebaixaria o lençol freático a 200 metros de profundidade. Além disso, o projeto envolve a construção de um ramal ferroviário de 9 quilômetros e uma pêra ferroviária.
O projeto Apolo também teria 2 grandes pilhas, uma Transportadora de Correia de Longa Distância (TCLD) e usina de beneficiamento. Outras construções do empreendimento seriam estruturas como diques, sumps, um depósito de explosivos, além de estradas internas e externas.
Nas informações disponibilizadas pela Vale sobre o projeto, a mineradora acredita que o empreendimento é inovador por buscar uma viabilidade ambiental.
“Após o decreto do Parque Nacional da Serra do Gandarela foram definidos os limites para locação do arranjo do Projeto Apolo, onde se buscou a menor interferência ambiental na área, como por exemplo, a não instalação de estruturas do empreendimento no interior do Sinclinal Gandarela ou mesmo no entorno do ribeirão da Prata”, alegou a Vale.