Falta de mão de obra qualificada, custos altos, crise, desemprego, inexperiência, burocracia, impostos. Enfim, os desafios são muitos em um mercado cada vez mais competitivo. Mas o que muitas vezes as pessoas ignoram são as possibilidades de aprimoramento a baixo custo e até gratuitas que estão disponíveis.
O Cidades Mineradoras foi verificar junto ao Senac, Senai, Sine e Sebrae e Sala Mineira do Empreendedor quais são os recursos oferecidos para patrão e empregado.
Em entrevista à reportagem, os responsáveis por esses serviços em cidades do Médio Piracicaba foram unânimes em destacar uma palavra como a chave do sucesso: qualificação. Enquanto os trabalhadores precisam buscar mais conhecimento, com cursos de formação, os empreendedores têm de se atualizar quantos às inovações tecnológicas, equipamentos, comunicação interna e externa, entre outros.
Investimento
O argumento de que o país passa por crise e que não há recursos para esse tipo de gasto é um ponto que os responsáveis pelos serviços de apoio ao trabalhador e empregador destacam como um erro. É necessário pensar a qualificação e atualização como investimento para se sobressair na concorrência.
“Na hora que a gente sair da crise, corremos o risco de ter um apagão de mão de obra. Hoje já existe uma dificuldade de encontrar mão de obra de qualidade”, declara Ricardo Luís Azalim, gerente de unidade Senai Itabira, São Gonçalo e Barão de Cocais.
Parcerias reduzem os custos e viabilizam projetos
Em tempos de crise, a parceria entre iniciativa privada, instituições e poder público tem sido a melhor solução para a viabilizar projetos e buscar o desenvolvimento. A Sala Mineira do Empreendedor, por exemplo, é por si só um serviço fruto de parceria entre Sebrae, Junta Comercial (Jucemg) e Prefeitura Municipal. Em Itabira, a Sala Mineira começou em fevereiro de 2018 e, desde então, vem auxiliando empreendedores.
“Ajudamos no que for possível para capacitar e preparar o empreendedor para gerenciar o seu negócio”, diz o superintendente de Controle, Estatística e Empreendedorismo da Sala Mineira de Itabira, Lúcio Henrique da Costa.
Mas as parcerias também acontecem para a viabilização de projetos. Atualmente, por exemplo, o Sebrae da Microrregião de Itabira desenvolve, entre outras ações, o projeto “Turismo Inteligente de Ipoema”, em parceria com empreendedores locais, como donos de pousadas, restaurantes e bares, e a Prefeitura Municipal de Itabira.
“O objetivo é promover a competitividade da cadeia de valor do turismo de Ipoema e possibilitar a promoção do destino, aumentando o fluxo de turistas oriundos de outros municípios de Minas e também do Brasil e, claro, de forma sustentável”, declarou o analista do Sebrae da Microrregião de Itabira, Diogo Lisboa.
Turismo Inteligente em Ipoema
Esse projeto iniciou em março deste ano com previsão de conclusão em dezembro de 2019. “Vamos fazer um trabalho de governança, criar um comitê gestor, elaborar um mapa turístico e uma agenda de eventos, além de promover a divulgação. Tudo pensando no desenvolvimento econômico do território”, declarou Diogo.
O Senai também firma parcerias constantes com empresas e administrações municipais para a qualificação de pessoal. “As empresas custeiam programas de treinamento para empregados e as prefeituras oferecem não apenas para seus servidores, mas também para a população em geral”, diz Ricardo Luís Azalim, gerente de unidade Senai Itabira, São Gonçalo do Rio Abaixo e Barão de Cocais.
O Senac também ressalta as parcerias com o poder público e com as instituições que representam comerciantes e comerciários que ajudam a viabilizar as capacitações gratuitas, mas principalmente destaca a abertura dos empresários para os programas de estágio.
“O estágio não é obrigatório para muitos cursos, mas ajuda a dar experiência aos nossos alunos e na sua inserção do mercado de trabalho”, declara Miriam Martins dos Santos Soares, diretora da Escola Senac em Itabira.
DEPOIMENTOS
Míriam Soares, diretora Senac Itabira: “Nossas entregas registram em média 500 alunos por ano devidamente qualificados ao mercado profissional”
Ricardo Azalim, gerente Senai Itabira: “O Senai possui estrutura física sintonizada para atender à demanda industrial regional”
Cristina de Carvalho, gerente do Sine Itabira: “As pessoas devem ter sempre em mente que é importante buscar a qualificação, principalmente se estão desempregadas”
Lúcio Henrique da Costa, superintendente Sala Mineira: “A Sala Mineira oferece todo o ambiente necessário para o empreendedor se formalizar e tocar o seu negócio.”
Consultoria do Senai reduz custo de empresas
O Senai Itabira oferece uma Consultoria Tecnológica que busca aumentar a competitividade das empresas reduzindo o desperdício. A média de retorno do investimento das empresas, conforme o Senai, é seis meses, resultando em economia e, consequentemente, mais dinheiro. Desde o início do programa, em 2016, foram atendidas 15 empresas.
A Consultoria Tecnológica atua em duas linhas:
• Eficiência energética para a indústria, em que são feitas diversas análises, desde a avaliação tarifária e de cada ponto de consumo de energia para verificar possibilidades de redução.
•Lean manufacturing: redução de desperdício, de tempo, de material e de mão de obra.
Espaço Maker
Ainda neste semestre será inaugurado o Espaço Maker, no Senai Itabira, dividido no espaço pensar e espaço criar. A iniciativa é voltada para o desenvolvimento da cultura maker e do empreendedorismo dos alunos. Qualquer aluno terá acesso ao Espaço Maker. Além de estrutura para planejar o projeto, terá acesso a equipamentos e materiais para desenvolver um protótipo.
Senac detecta demanda e terá enfermagem
A sala já está pronta, equipada e a previsão é que, já no primeiro semestre do ano que vem, o Senac em Itabira ofereça o curso técnico de enfermagem para o Médio Piracicaba. Com duração de 18 meses, a formação exige estágio de mais 18 meses que pode ser feito durante ou posterior às aulas.
Segundo a diretora da Escola Senac Itabira, Miriam Martins dos Santos, a decisão de implantação do curso visa atender uma demanda detectada pela instituição na região. “Temos o Portal da Inteligência do Senac que faz esses levantamentos”, informa Miriam.
Algumas dessas demandas são apresentadas diretamente pelos parceiros. Os cursos corporativos são o melhor exemplo disso, em que a empresa e o Senac definem juntos as necessidades e como serão as aulas. “É um atendimento personalizado”, ressalta a diretora do Senac. Miriam ressalta ainda que, apesar de a maioria dos cursos do Senac demandarem um investimento, os custos são baixos já que a instituição não visa lucro.
Reportagem publicada na Edição 61, de Julho de 2019, do Jornal Cidades Mineradoras