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‘‘Queremos fazer um grande evento’’, diz produtora do Festival !PULSA!, que começa nesta sexta em Itabira

Começa nesta sexta-feira (8) e vai até o próximo dia 17 de setembro, a primeira edição do !PULSA! Movimento Arte Insurgente, festival totalmente gratuito com uma grande programação artística, cultural e de trocas pedagógicas a respeito de questões sociais, como: feminismo, vidas trans, negritude, periferia, pautas ambientais e indígenas. Em entrevista exclusiva à DeFato, Andreia Duarte, curadora e diretora artística do !PULSA!, comentou sobre a chegada do festival em Itabira, as suas propostas e a vasta programação.

Andreia Duarte é artista, diretora, curadora e gestora em arte e cultura. Morou cinco anos no Parque Indígena do Xingu com o povo Kamayurá (MT) e desde então trabalha como apoiadora à causa indígena, completando 20 anos de realizações artísticas, culturais, educativas e de pesquisa acadêmica. Andreia também é mestre em Arte pela Universidade Federal de Minas Gerais – Escola de Belas Artes (EBA), Doutora em Teatro pela Universidade de São Paulo – Escola de Arte e Comunicação (ECA), com uma pesquisa sobre arte, teatro, corpo, anti-colonialidade e povos indígenas. 

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A gestora  explica que o festival possui cinco eixos curatoriais: Feminismo Artístico, Negritude Anticolonial, Vidas Trans-mudar, Arte Indígena Contemporânea e Coletivos Periféricos. Natural de Belo Horizonte, Andreia comenta que os grandes centros já têm muitos shows, espetáculos e afins com a premissa de levar e aprofundar tais discussões sociais. Junto do diretor de produção artística Guilherme Marques, surgiu a ideia de criar o festival.

‘‘Queríamos trazer essa discussão por meio da arte. Ir nas pequenas cidades, nos lugares chamados de ‘periferia dos grandes centros econômicos’, tentando levar essas discussões em diálogo com a produção e população local.’’

A partir desse olhar, Itabira irá receber apresentações de teatro, música e dança; além da realização de workshops, intervenções urbanas, residência artística, rodas de conversa, seminários e da Feira !PULSA!. As atividades são gratuitas e irão acontecer na Casa de Drummond, Casa do Brás, Escola Livre de Artes, Praça Dr. Nelson Lima Guimarães (Praça do Pará), Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA), Auditório da Secretaria do Meio Ambiente, Bar da Neide e Rua Israel Pinheiro.

Para o festival chegar em Itabira, foram quase dois anos de diálogo entre a organização, os atores culturais de Itabira, Prefeitura e a Fundação Cultural Carlos Drummond de Andrade (FCCDA). ‘‘Além das instituições, viemos tentando conhecer um pouco mais sobre quem são os quilombolas e indígenas que estão no entorno da cidade, quem são as pessoas que estão pensando, refletindo e fazendo arte. 

‘‘Claro que enquanto um evento não conseguimos trazer todos para dentro da programação, mas temos conversado com os artistas da cultura popular, das expressões tradicionais, com os pensadores itabiranos para participar e trocar, para que possamos fazer um grande encontro.’’

Para Guilherme Marques, que é mineiro de Peçanha, as trocas artísticas e pedagógicas desta primeira edição do  !PULSA! se estendem para uma reflexão cada vez mais importante da cena cultural no Brasil: a influência dessas manifestações na nossa formação social e da economia criativa dos locais. “É muito feliz que esta edição aconteça em Minas, terra de origem minha e de Andreia. Sentimos grande acolhimento e troca entre artistas, pensadores e poder público local”, completa.

O espetáculo de abertura, “Parem de falar mal da rotina”, acontecerá no dia 8 de setembro, com performance da grande atriz brasileira, Elisa Lucinda. Foto: Jonathan Estrella

A programação do !PULSA! é totalmente gratuita e busca ocupar diversos espaços da cidade, reunindo nomes importantes das artes, da cultura e representantes de movimentos coletivos e sociais. Entre estas personalidades, estarão a atriz e poeta Elisa Lucinda, o mestre Nego Bispo, a atriz e slam Roberta Estrela D’Alva – que já foi apresentadora do programa Manos e Minas, da TV Cultura -, a artista indígena Zahy Tentehar e a pajé Mapulu Kamayurá.

Roberta Estrela D’Alva. Foto: Caroline Lima/Divulgação

O festival também terá dois pontos de encontro ao longo dos dias de sua programação: Bar da Neide, de 8 a 14 de setembro e Feira !PULSA!, de 15 a 17 de setembro.

Em sua programação, o !PULSA! programação traz espetáculos teatrais com diferentes linguagens como “Terror e Miséria no Terceiro Milênio”, do Núcleo Bartolomeu de Depoimentos; “A Mulher Monstro”, do ator e diretor José Neto Barbosa (RN/PE); e “Nós”, do Grupo Galpão (MG). O espetáculo de abertura, “Parem de falar mal da rotina”, acontecerá no dia 8 de setembro, com performance da grande atriz brasileira, Elisa Lucinda. 

Entre as intervenções urbanas, destaque para “Feminismo na cidade”, com Juliana Pautilla, que, a partir de encontros com mulheres, vai criar frases sobre o tema e colocá-las nos muros do município; e “Civilidades Ancestrais”, de Zahy Tentehar, instalação formada por três vídeos de sua autoria sobre elaborações do feminino, do antropoceno e de identidade. 

Os seminários trazem para o debate dois temas fundamentais hoje: “Poéticas e políticas para um mundo mais ecológico!”, com a participação das indígenas Márcia Kambeba (PA), Mapulu Kamayura (MT), Maurício Terena (MS) e Sandra Benites (MS); e “Racismo Estrutural”, com a participação de Nego Bispo (PI), Roberta Estrela D`Alva (SP), Ivanir dos Santos (RJ), Soraya Martins (MG), Ricardo Aleixo (MG), e Marcos Alexandre (MG). 

Os cinco workshops trabalham mais próximo do público questões como “Meu corpo na cidade: Memórias, mudanças e mulheres” e “A Influência da Música Africana na Música das Américas”, uma aula magna com o artista cubano Néstor Lombida Hunt. O evento oferece, ainda, a residência artística ministrada pelo diretor e ator Adyr Assumpção, voltada para atores e não atores interessados no teatro, em especial no teatro negro. 

Entre os dias 15 e 17, acontece a Feira !PULSA!, na praça Praça Dr. Nelson Lima Guimarães (Praça do Pará), e conta, além de barracas com comidas e artesanato locais, com uma extensa programação de shows, apresentações, intervenções e workshop. Nos três dias, a Feira traz apresentações musicais com o itabirano DJ Vini Brown; Marcus das Serras, Pé de Manacá, DJ Eugênio Lima e a apresentação da Guarda de Marujos de Itabira.

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Também acontecerá a estreia do concerto “Quilombo de Bach, o Encontro. Concerto Arias Profanas, Árias Sagradas Histórias e Canções”, com a saxofonista itabirana Maria Bragança, a cantora lírica Sylvia Klein e cravista Fernando Cordella. O show “Não sou nenhum Roberto”, com Marcelo Veronez (MG), apresentará versões dançantes e erotizadas das músicas de Roberto e Erasmo Carlos e de outros compositores.

Com repertório inspirado pela cultura “Black Power” dos anos 70, chega o “Baile Soul”, de Black Josie e Crew de dançarinos (MG. O show “Waldir Azevedo 100 anos”, no qual o músico Ausier Vinícius (MG), apresenta choros da carreira de Waldir Azevedo, considerado um marco na história da execução do cavaquinho. Para os amantes do samba, haverá o show “Deu samba”, com os itabiranos Nonoca e Romário Araújo trazendo o samba raiz, MPB e Bossa Nova. 

A Feira traz ainda o Teatro de Mamulengo, de Pernambuco, voltado a crianças e adultos, com Valdeck de Garanhuns, para duas apresentações cênicas: “Simão e o Boi Pintadinho” e “Folia Brasileira”.  Finalizam a programação antervenção urbana “Campeonato Interdrag de Gaymada”, com o grupo TODA DESEO, de Belo Horizonte; e o workshop “O corpo drag queen: montagem e pintura”, por Nyckary Aycker, também de Belo Horizonte. 

Campeonato Interdrag de Gaymada, com o grupo TODA DESEO, de Belo Horizonte. Foto: Marília Fiuza/Divulgação

Realização

O festival será realizado pelo Olhares Instituto Cultural e a produtora de arte Outra Margem, com recursos da Lei Federal de Incentivo à Cultura do Ministério da Cultura, com patrocínio do Instituto Cultural Vale, em parceria com Fundação Carlos Drummond de Andrade e Prefeitura Municipal de Itabira.

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