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‘Quero carinho que não constrange’: por meio de poema, alunos chamam atenção contra a exploração sexual infantil

Desde a última segunda-feira, 14 de maio, escolas de Itabira desenvolvem atividades dentro da Semana de Combate à Exploração e Abuso Sexual de Crianças e Adolescentes. Nessa quinta-feira, 17, foi promovido o Dia D, em evento na Escola Estadual Major Lage. Dezenas de alunos se reuniram para apresentar trabalhos voltados para a conscientização e chamou atenção o poema escrito pelo poeta baiano Lauro Souza e apresentado por estudantes da Escola Estadual Trajano Procópio de Alvarenga Silva Monteiro (Premen). Lauro é de Santo Antônio de Jesus, na Bahia, e foi conselheiro tutelar por dois mandatos.

Com versos fortes, o texto foi direto naquele que é o principal problema a ser combatido pelas autoridades: a maioria dos casos de abuso infantil acontece no convívio familiar. “Papai, não! O que é isso? Não, isso não se faz. O senhor deveria me amar. Me respeitar, sem me maltratar”, diz uma das estrofes do poema recitado pelos alunos.

O trabalho com os estudantes é desenvolvido pelas secretarias municipais de Educação, Saúde e Assistência Social por meio do programa Conexão Jovens. Além das escolas Major Lage e Premen, as atividades foram realizadas também em outras oito instituições: Antonina Moreira, Antônio Camilo Alvim, Antônio Linhares, Didi Andrade, Fazenda da Bethânia, José Gomes, Dona Eleonora e Marina Bragança.

No Dia D, cada escola enviou alunos para apresentarem de forma lúdica o que foi trabalhado em termos de conscientização nas instituições. A intenção do projeto é o empoderamento e o fortalecimento juvenil como ferramentas para a diminuição dos casos de abuso contra crianças e adolescentes em Itabira.

O trabalho chama atenção para que a vigilância seja constante nos ambientes frequentados pelos jovens, sobretudo dentro de casa ou na vizinhança. Confira o poema do baiano, apresentado pelos alunos do Premen:

Não me toque aqui

Papai, não! O que é isso?
Não, isso não se faz
O senhor deveria me amar
Me respeitar, sem me maltratar

Deveria ser lindo como o sol
A certeza depois do frio
Eu o peixe e o senhor o rio
Assim? Tenho medo, calafrio!

Tio? Avô? Primo? Vizinho?
Pessoas que chamo de senhor
Se acham confusas na própria ilusão
E eu criança, ferida na escuridão

Atenção a todos, TODOS!
Ele parece confiável, PARECE!
Mas, sou eu menina que padece
Alerta, me ouve, não me esquece

Não me toque aqui, não me aperte
Sou menina, quero só ser criança
Festa, cores, luz, muita dança
Sem traumas, só esperança

Preciso de sonhos e não pesadelos
Quero tudo de bom e bom
Quero grandeza de gente grande
Quero o carinho que não constrange

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