Repúblicas de Ouro Preto são acusadas de práticas racistas

Estudantes da Universidade Federal de Ouro Preto teriam cometido prática conhecida como blackface durante evento festivo

Repúblicas de Ouro Preto são acusadas de práticas racistas
Foto: Reprodução Redes sociais

Estudantes e moradores de repúblicas na cidade de Ouro Preto foram acusados de práticas racistas após pintarem os corpos de preto e marrom, como uma suposta brincadeira. A ação foi realizada para a participação em um evento local realizado pelas repúblicas da cidade, conhecido como “Miss Bixo”. 

 

O acontecido se passou nesta sexta-feira (29), em diversas repúblicas que participaram ativamente da festa. Segundo os organizadores, a prática se tratava de uma representação de animais, sendo esses: Muttley e os Irmãos Caverna (que fazem parte da animação Corrida Maluca) e os pombos citados na canção “Mundo animal”, da banda Mamonas Assassinas.

Contudo, estudantes da Universidade se posicionaram contra a prática e destacaram que a prática constitui uma ação racista. Além disso, houve uma intensa mobilização para que o acontecimento viesse à público. As pinturas foram associadas ao blackface, e teriam provocado gatilhos emocionais em pessoas pretas e pardas, se caracterizando como racismo.

Veja o vídeo: 

Blackface

A prática de blackface é conhecida como a representação teatral e caricata de pessoas negras, realizadas por brancos que se pintam de diferentes tonalidades de pele. A ação foi amplamente realizada em diversos programas de TV dos Estados Unidos, durante o começo e meados do século XX, e possuíam o intuito de ridicularizar pessoas afro-americanas. 

O blackface é considerado ofensivo por ostentar e exagerar em estereótipos associados às populações negras, com piadas de cunho ofensivo e que são consideradas pejorativas – especialmente nos dias atuais. 

Com teor negativo e que pode ser visto como uma violação de direitos, o blackface é tido como uma prática que perpetua problemas raciais. Apesar de muitas pessoas desconhecerem a palavra e ação, críticos do tema destacam que ela deve, sim, ser avaliada e reprovada. 

Repercussão 

O assunto repercutiu amplamente nas redes sociais das repúblicas participantes, além de nos grupos da Universidade Federal. Foi, inclusive, criado um abaixo assinado que solicita apoio dos estudantes para que um processo seja aberto dentro da Universidade Federal de Ouro Preto, contra a atitude dos envolvidos. Contudo, a UFOP geralmente não se posiciona sobre situações que envolvam a comunidade acadêmica e tenham se passado fora de seu espaço e domínio. 

Apesar dessa questão, o perfil do Diretório Central dos Estudantes (DCE-Ufop), que não pertence à Universidade mas é uma organização que representa os estudantes, se pronunciou, destacando que a prática é uma ação de racismo e repostou denúncias dos estudantes que marcaram a página e as repúblicas participantes em seus stories.

Internautas debateram amplamente a questão em comentários no Instagram das repúblicas e do Diretório, além de no Facebook e Twitter.

Assim, o caso acabou por tomar importância e gerar debates nas redes sociais. Após a repercussão, algumas das repúblicas publicaram notas de retratação e pedidos de desculpas. Confira:

Atualização

A Universidade Federal de Ouro Preto se posicionou por meio de uma nota da reitoria, que foi divulgada no perfil de instagram @minhaufop. Confira a nota na íntegra:

 

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Uma publicação compartilhada por UFOP (@minhaufop)

No entanto, a nota provocou desconforto e gerou centenas de comentários negativos na publicação, com os estudantes se posicionando contra a postura de naturalização e neutralidade adotada pela universidade.

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