No último sábado (10), Robinho acertou seu retorno ao clube que o revelou em 2002, o Santos. No entanto, a quarta passagem do jogador pelo alvinegro praiano é também a mais conturbada, visto que o atacante, ex-Milan, Real Madrid e outros clubes, desembarca no Brasil com uma condenação de estupro em suas costas.
Sim, em novembro de 2017, quando atuava pelo Atlético-MG, Robinho foi condenado a nove anos de prisão por violência sexual. O crime teria ocorrido em 2013, na Itália, e de acordo com a investigação, Robinho teria abusado de uma mulher albanesa ao lado de outros cinco homens. O jogador recorreu e conseguiu o direito de responder em liberdade.
Do ponto de vista jurídico, parece não haver nada de ilegal na ação do Santos. Mas quero abordar o caso sob o aspecto moral. Nos últimos anos, é fato que os clubes brasileiros tem se engajado mais em alguns temas sociais importantes, como o racismo, a homofobia, intolerância religiosa e outros.
Entre estas pautas, está também a violência contra a mulher. O próprio Santos, inclusive, já fez algumas ações relacionadas a este gravíssimo problema, que se intensificou durante a pandemia. Tudo muito bonito, mas não basta aos clubes se limitarem apenas a postagens esporádicas nas redes sociais.
Quando o Santos se propõe a combater a violência contra a mulher, mas contrata alguém que foi CONDENADO por este mesmo crime, ele deixa a impressão de que tais campanhas não passam de marketing barato. Apenas um tweet que ganhará elogios e deixará vários torcedores orgulhosos, mas que, na prática, representará muito pouco na luta.
Os clubes brasileiros devem entender que não podem se limitar a um ou outro texto na internet, e sim tornarem este engajamento como parte da filosofia de trabalho. O Cruzeiro é outro exemplo. A atual gestão tem se posicionado em relação a temas que fogem do futebol, mas emprega o deputado Léo Portela, que já fez várias declarações, no mínimo, questionáveis, especialmente ligadas à homofobia.
O futebol, acima de qualquer outro esporte, sempre se notabilizou por estar um tanto alheio ao que acontece na sociedade. Racismo, agressão, homofobia… todos estes crimes são cometidos constantemente dentro das quatro linhas, mas julgados sob a esfera esportiva. Temos até evoluído neste ponto, principalmente pelo fato dos clubes estarem assumindo um protagonismo maior nas lutas. Mas enquanto incoerências, como essa do Santos, continuarem ocorrendo, será difícil crer que o cenário irá mudar algum dia.
Victor Eduardo é jornalista e escreve sobre esportes em DeFato Online.
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