Neste 25 de janeiro, completam-se cinco anos do crime que tirou a vida de 272 pessoas em Brumadinho. O rompimento de uma barragem na Mina Córrego do Feijão, da mineradora Vale foi relembrada hoje por um ato no horário e local da tragédia.
O coordenador do Movimento pela Soberania Popular na Mineração (MAM) em Minas Gerais Luiz Paulo Siqueira esteve presente e defende uma posição crítica diante do que foi um dos maiores crimes trabalhistas e ambientais do mundo.
Além das perdas irreparáveis, as comunidades continuam sofrendo impactos: “Estamos falando de milhares de pessoas que dependiam do Rio Paraopeba, seja para abastecimento de animais, para pesca, para agricultura ou mesmo para abastecimento humano, que hoje não têm condição de sobreviver e dependem de caminhão-pipa e abastecimento de água fornecido pela Vale”, aponta o coordenador do MAM.
Relembre
O crime ceifou a vida de 272 pessoas, sendo duas nascituras três desaparecidas. Além disso, atingiu os modos de vida de comunidades em toda a bacia do rio Paraopeba, de Brumadinho até a barragem de Três Marias. Até o momento, ninguém foi responsabilizado e não há prazo para o julgamento da ação penal, que tramita na Justiça Federal.
No mesmo ano do crime, a Polícia Federal (PF) indiciou sete funcionários da mineradora Vale e seis da consultoria alemã Tüv Süd por falsidade ideológica e uso de documentos falsos. A Tüv Süd é a empresa que assinou o último atestado de estabilidade da estrutura, um documento obrigatório para a operação da barragem.
O presidente da Vale na época, Fábio Schvartsman, pediu um habeas corpus que recebeu um parecer favorável do desembargador relator Flávio Boson Gambogi no Tribunal Regional Federal (TRF). Após um pedido do desembargador revisor Pedro Felipe de Oliveira Santos, o julgamento foi suspenso e não há data definida para a continuidade da sessão.
No dia 9 de janeiro de 2024, familiares das vítimas entregaram, em Belo Horizonte, uma nota pública aos desembargadores do TRF pedindo que votassem contra o habeas corpus. “Viemos aqui no TRF trazer uma nota técnica e um clamor para que este habeas corpus não seja reconhecido. É na Justiça que isso precisa acontecer. É dentro do processo, e não cortando caminho, da forma como o ex-presidente da Vale está tentando fazer”, afirmou Andresa Rodrigues, mãe de Bruno Rodrigues, morto na tragédia, e presidente da Associação de Familiares de Vítimas e Atingidos pelo Rompimento da Barragem Mina Córrego Feijão-Brumadinho (AVABRUM).
No momento, as comunidades buscam um processo de reparação integral em todas as comunidades afetadas, seja em Brumadinho ou ao longo do Rio Paraopeba até a Barragem de Três Marias.
Confira fotos do ato de hoje por Patrícia Sousa, integrante do Movimento Brasil Popular: