No início deste mês, um relatório apresentado pela Vale à Bolsa de Valores de Nova York chacoalhou Itabira com a notícia de que as minas do município têm exaustão prevista para daqui a dez anos. A contagem regressiva ressoou entre os políticos da cidade e tem provocado debate em várias esferas. Em entrevista exclusiva a DeFato Online, durante encontro organizado pela Associação dos Municípios Mineradores de Minas Gerais (Amig), em Belo Horizonte, nesta quarta-feira, 13 de junho, o prefeito Ronaldo Magalhães (PTB) não escondeu sua preocupação com o tema e prometeu “discussão firme” com a empresa responsável pela principal fonte de arrecadação do município.
Ronaldo confirmou que tem uma reunião agendada com a direção nacional da Vale no dia 6 de julho. O encontro seria ainda nesta semana, mas precisou ser remarcado. Segundo o prefeito, sua equipe já faz uma análise interna do que poderá ser colocado à mesa com a mineradora.
“Itabira foi a primeira cidade mineradora da Vale. Nós fomos o piloto. A Vale aprendeu tudo sobre mineração com as minas de Itabira. Dentro do contexto de tamanho de minas, Itabira também foi a primeira. Nós temos que ter um cuidado e uma responsabilidade muito grandes, e discutir com a Vale firmemente como que vai ser essa transição”, afirmou o prefeito.
Preocupado, o chefe do Executivo se mostrou surpreso com a informação mais recente da Vale. Ele citou que em 2007, o então presidente da mineradora, Roger Agnelli (falecido em 2016), afirmou que Itabira tinha minério de ferro para mais 50 anos. “Então, teríamos que ter ainda mais 39 anos de mineração. Por que agora apenas mais dez anos? A gente quer discutir isso diretamente com a Vale, saber qual a proposta que eles têm para Itabira se isso for realidade”, comentou o prefeito.
O mesmo relatório anual apresentado pela Vale em 2018, no entanto, em 2007 – ano citado pelo prefeito Ronaldo Magalhães com a fala do ex-presidente da mineradora -, apresentava estimativa para o fim da mineração na terra de Drummond em 2023 – e não 2057, como seria o prazo apresentado por Roger. Portanto, segundo os relatórios da empresa, as minas de Itabira teriam ganhado cinco anos de fôlego neste espaço de 11 anos. Os dados estão disponibilizados no site da Vale.
O prefeito Ronaldo Magalhães afirmou que a discussão com a Vale precisa envolver toda comunidade. Ele diz que a missão precisa ser conquistar uma alternativa econômica capaz de sustentar o município e evitar um forte impacto social quando a mineradora finalizar os trabalhos de extração. “Vamos fazer isso com calma, uma discussão aberta e positiva, para ver até onde conseguimos caminhar. Vamos caminhar forte para que Itabira não perca tanto”, pontuou.